No Dia Mundial da Energia, executivos do setor elétrico e representantes do governo destacaram a importância do ambiente de negócios na retomada de atividade pós-pandemia e avaliaram que a infraestrutura será determinante para o crescimento econômico.O futuro depois da crise foi discutido em uma live da Thymos Energia nesta sexta-feira, 29 de maio.
A necessidade de investimentos em infraestrutura foi destacada por João Carlos Mello, presidente da consultoria, e reforçada por participantes do debate. Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, acredita que cabe ao setor se preparar para contribuir com o futuro próximo, trazendo propostas ao governo em relação à retomada do D+1.
“A gente sabe que o pais é carente de infraestrutura. Sairemos mais pobres dessa crise, mas prontos para investimentos”, disse a executiva. Ela falou sobre a necessidade de um ambiente propício aos negócios e da importância de que o Ministério de Minas e Energia pense uma mudança gradual, para não afastar investimentos. “O cenário econômico é desastroso, o político não é dos melhores, e temos que olhar isso com muito cuidado.”
A chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do Ministério de Minas e Energia, Agnes da Costa, disse que é preciso criar regras para que o mercado traga as respostas.
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, afirmou que o governo parou para cuidar da crise, mas tem se preparado para a retomada. “Quando ela vier, nós não queremos perder tempo” disse Guaranys, que reforçou o papel das reformas e a importância das privatizações e das concessões.
“Qual é o caminho que vemos após passar por esse momento de dificuldade? Os efeitos da crise vão continuar afetando a retomada e as medidas que estávamos trabalhando antes vão ter que sem reforçadas”, explicou o secretário. Segundo ele, o governo percebeu com o auxilio emergencial a existência de uma população enorme no mercado informal que não era vista antes da crise. “Como a gente faz para colocar esse pessoal no mercado de trabalho? Isso tudo está na discussão da retomada.”
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Carlos Ciocchi, também reforçou que a solução para a retomada do crescimento é o investimento em infraestrutura, incluindo energia elétrica. Para Ciocchi, é necessário calibrar o sinal para o mercado.
O futuro, em sua visão, virá de duas formas: transformações tecnológicas e mudanças nos padrões de consumo. A questão tecnológica dentro do setor elétrico diz respeito à participação cada vez maior de fontes renováveis, e soluções como o armazenamento tem que estar no radar. As transformações que vem de fora do setor, como , por exemplo, o carro elétrico, é que serão “o grande drive dessa mudança.” “Um tema que eu acho que cada vez mais vai entrar na nossa discussão é a utilização de ferramentas de inteligência artificial. É uma questão que abre uma janela enorme”, prevê Ciocchi, para quem as transformações exigirão muito mais transparência do ONS.
Luiz Fernando Vianna, executivo da Delta Energia, afirmou que é otimista e aposta em uma recuperação mais rápida. Ele lembrou que a expansão do sistema tem sido feita basicamente por fontes renováveis com eólica e solar e destacou o papel do mercado livre, que hoje financia parte importante dessa expansão. Ele destacou, porém, que o sistema tem necessidade de ter termelétricas, que são uma fonte mais cara que essas renováveis, para garantir a transição.