A redução da demanda elétrica imposta pela pandemia de Covid-19 pode levar ao cancelamento definitivo dos leilões de energia elétrica previstos para este ano. A decisão cabe ao Ministério de Minas e Energia (MME), porém, na opinião do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, a rigor, não haveria necessidade de contratar novas usinas em 2020.

“Estamos atualizando os cenários [de comportamento da carga de energia]. Claro que terão aspectos de política energética que terão que ser considerados para fazer leilão neste ano. A rigor, pelo cenário que temos, não há necessidade de correr para fazer leilão este ano”, disse o executivo durante webinar Licenciamento Ambiental – Retomada dos Investimentos, realizado nesta terça-feira, 2 de junho, pelo Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE) e pelo Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE).

As medidas de isolamento social para conter a crise de saúde causou uma redução abrupta na demanda de 5 GW médios no horizonte de 2020 a 2024. O “buraco” na demanda teve como consequências a redução de mercado e sobra de energia no portfólio das concessionários, com impactos negativos não só no curtíssimo prazo, como também em um horizonte de médio prazo.

“Entendemos que deveríamos fazer uma reflexão. Em um ambiente em que as distribuidoras estão sobrecontratadas e temos sobras de energia no curto e médio prazo, ampliar os investimentos em geração pode agravar o problema e aumentar o custo da energia do consumidor final. Se o consumidor não está precisando dessa energia, ele estará pagando duas vezes”, disse Barral.

Em 2020, estavam agendados cinco leilões de geração de energia e um de transmissão. No dia 26 de março a Agência CanalEnergia antecipou que os leilões poderiam ser suspensos, informação que foi confirmada três dias depois quando o MME anunciou o adiamento de todos os leilões por tempo indeterminado.

MME suspende todos os leilões por tempo indeterminado

Foram suspensos dois leilões de energia existente (A-4 e A-5), dois leilões de energia nova (A-4 e A-6), o leilão de sistema de transmissão de energia e o leilão para o atendimento ao sistema isolado.

Em 2012, o MME cancelou um leilão de energia existente (A-1) porque as distribuidoras estavam com sobras de energia para 2013. Em 2016, o leilão de energia de reserva também foi cancelado por excesso de oferta.