O Cepel e a Engie Brasil estão planejando realizar avaliação de integridade estrutural de Nível 3 em todas as caldeiras do Complexo Termelétrico de Jorge Lacerda (SC), que conta com sete unidades geradoras e um total de 857 MW de potência instalada. A proposta foi discutida por videoconferência em maio entre as equipes de Metalurgia do Centro e as de Inspeção e Manutenção da empresa.

Segundo o Cepel, o procedimento consiste na aplicação de técnicas e procedimentos que permitem estabelecer a situação de dano de uma estrutura ou componente, no intuito de prever seu comportamento futuro e recomendar as necessidades de inspeção, monitoração e recuperação, sendo inédito no setor elétrico brasileiro, e podendo como resultado determinar a vida remanescente do componente num prazo médio de 12 meses.

“A capacidade de prever com precisão a vida remanescente dos componentes possibilita a manutenção otimizada e o desenvolvimento de estratégias de substituição, conferindo maior disponibilidade e maior rentabilidade às plantas termelétricas”, afirma Fernanda Figueiredo, uma das integrantes da equipe de Metalurgia do Centro.

Ela conta que a análise requer um estudo minucioso das tensões mecânicas envolvidas durante a operação, com elementos finitos como levantamento e avaliação do histórico de operação, inspeção e manutenção dos componentes avaliados e ensaios em materiais retirados desses equipamentos.

“Muitos dos aços utilizados em caldeiras a vapor são suscetíveis a mudanças em suas propriedades com o tempo de operação, que só podem ser estabelecidas por meio desses ensaios, que variam conforme o componente e mecanismo de dano atuante no mesmo”, assinala Fernanda.

Método não destrutivo – No caso das UTEs de Jorge Lacerda, os ensaios deverão ser realizados em amostras de dimensões reduzidas, retiradas por eletroerosão e ensaiadas na máquina de ensaio de fluência por small punch, adquirida pelo Centro em 2016 no âmbito de projeto dedicado ao tema. O objetivo da máquina é avaliar a vida residual dos equipamentos que operam em altas temperaturas.

“O grande diferencial deste tipo de ensaio é que a retirada das amostras não tem influência na continuidade da operação dos componentes avaliados, uma vez que elas têm um tamanho reduzido. Embora seja uma avaliação mecânica, este procedimento é classificado como um método não destrutivo de análise, já que não exige reparo da área de amostragem”, ressalta Fernanda.