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Para atender a uma demanda do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) da Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) de estruturar novos lavatórios em suas instalações e áreas de higienização voltadas aos funcionários em meio à pandemia, a Copagaz desenvolveu um projeto que usa o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para gerar energia a essas necessidades da instituição, que alocou 400 profissionais para atender diretamente os pacientes que chegam com a covid-19.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o diretor de Operações da Copagaz, Agnaldo Inojosa, afirma que o gás de cozinha está sendo utilizado como fonte de energia para quatro contêineres equipados com 12 duchas de água quente e vestiários, além de funcionar como backup para determinados equipamentos médicos e abastecer uma máquina de alta pressão para limpeza da área externa e das instalações de estrutura de suporte, na qual circularão os colaboradores destacados para trabalhar com o coronavírus.

“A partir de uma demanda do reitor, pensamos um pouco fora da caixa em como montar uma estrutura para uma área com restrição de chegada de energia elétrica e colaborar de alguma forma nesse momento”, explica o executivo.

Para tanto, foi preciso fazer um ofício junto a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) visando a autorização dos testes, já que o GLP tem seu uso restrito a atividades industriais desde os anos de 1990, como forma de garantir o abastecimento doméstico, conforme a Resolução 49, parágrafo 34 da Agência, que surpreendentemente liberou em tempo recorde a iniciativa.

“A ANP tirou um pouco o chapéu de burocrata e colocou o da causa em meio à pandemia, aprovando rapidamente a solução”, comenta Agnaldo, contando que o projeto foi finalizado em 30 dias graças as características de acesso, logística e instalação do sistema de gás, que contou também com a ajuda de outras empresas que doaram equipamentos e serviços, como a italiana Cavagna, que preparou os geradores e toda a estrutura dos contêineres adaptados na unidade de saúde.

Já a Copagaz instalou um reservatório com 2 toneladas de GLP, volume suficiente para suprir a demanda da localidade por pelo menos 30 dias.

Com a autorização excepcional, os pesquisadores do Laboratório de Análises Químicas da UFMS, que já faziam análises do gás importado da Bolívia pela empresa desde 2018, vão usar a experiência prática para realizar estudos de eficiência energética do combustível em novas aplicações para a indústria.

Reservatório de duas toneladas deve atender a nova demanda do hospital por pelo menos 30 dias (Copagaz)

Potenciais e regulação

Apesar de ser um projeto piloto por aqui, ações como essas são utilizadas em larga escala nos Estados Unidos e na Europa, sobretudo em locais com dificuldade para o atendimento energético tradicional, conta o diretor da Copagaz, que defende o uso do combustível como alternativa à outras fontes como lenha, diesel, gás natural e carvão, com benefícios tanto em termos ecológicos, quanto econômicos e de eficiência.

“Vamos entrar em um novo mundo num contexto pós-covid e quanto mais alternativas energéticas melhor. Estamos falando de uma energia enlatada, com uma capilaridade muito grande, em que você leva um gerador até o Amazonas e movimenta uma casa por alguns dias com um único botijão”, pondera, citando um parque existente de 120 milhões de botijões no país que podem ser usados para esse fim e não apenas no cozimento de alimentos. “Uma solução adicional para regiões mais isoladas”.

Para ele, caso a economia estivesse crescendo, o Brasil estaria com problemas no abastecimento de energia e a restrição de uso do GLP teria outro tom por parte do regulador, podendo efetivamente aparecer como uma solução. Mais do que isso, o executivo compara e avalia que nenhum pipeline de gás natural vai chegar onde o gás de cozinha chega. “Na verdade, vamos até criar o caminho para o gás natural, transportando o GLP até diferentes lugares e identificando as demandas”, prevê.

Quanto aos novos rumos para a regulação, a ANP informou que o processo de revisão da resolução está previsto para ser iniciado no mês de agosto, podendo analisar o potencial do insumo para além da cozinha. A Agência também ressaltou que o prazo da autorização para o hospital no Mato Grosso do Sul vale por dois meses, visto o estado de emergência de saúde pública na região.

“Não pedimos benefício fiscal, tributário, governamental, apenas uma competição de forma igual com os outros energéticos”, finaliza Agnaldo.