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Ainda que o incessante avanço do coronavírus no Brasil e no mundo provoque impactos inevitáveis em diversas cadeias dos setores da economia, como a de suprimento logístico, outras partes analisam o momento e buscam oportunidades em meio à crise, um mantra recorrente em tempos como esse. Indo para o seu terceiro ano de atuação dentro do mercado de geração distribuída e operações financeiras estruturadas no segmento de energia elétrica, o Grupo Alexandria trabalha com a possibilidade de entregar 50 MW em projetos – a maioria fotovoltaicos – até o final desse ano, em contratos que podem representar R$ 175 milhões ao player, volume que ainda depende das variáveis que a pandemia trará ao longo do ano.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO Alexandre Brandão admite que a empresa, sediada em Curitiba (PR), tem sentido alguns efeitos provocados pelas medidas de isolamento social, como em obras paralisadas em Recife (PE) e no Tocantins, devido à decretos de fechamento total de todas atividades não consideradas essenciais, o chamado lockdown, ou mesmo em operações de deslocamento e fornecimento de materiais em outras regiões.

No entanto, por trabalhar com projetos de grande porte e clientes com menos exposição a volatilidades financeiras, ele conta que a companhia tem conseguido em geral tocar seus projetos, podendo chegar com 75 MW em seu portfólio ao final de 2020, entre usinas para grupos de investidores e consumidores próprios.

“Sabemos que o momento é trágico, mas analisando de forma egoísta e sob ponto de vista do nosso negócio tem sido bom pelo fato do mercado ter diminuído a demanda, o que fez com que as negociações atuais sejam infinitamente melhores do que se o mercado estivesse funcionando à pleno vapor”, comenta o executivo, afirmando que a área de geração solar sentiu alguns impactos e impôs a lei de oferta e demanda, com os custos de importação mais atrativos do que eram no começo do ano.

“Se conseguimos manter e até aumentar nossa demanda, visto que nos inversores a requisição atual é de menos da metade do ano passado, podemos aproveitar esse menor custo para crescer ainda mais”, avalia Brandão, informando que as próximas usinas serão finalizadas em julho, representando 10 MW para três investidores no Paraná, Mato Grosso e Rondônia, além de mais 3 MW em Itaguaí (RJ), onde uma planta começará a ser operacionalizada.

Sistema instalado na UFPR tem expectativa de gerar R$ 1,5 milhão em recursos no ano para instituição de ensino (Alexandria)

Investimentos, incertezas e biogás

Dentro do aporte planejado de R$ 100 milhões para expansão da capacidade de infraestrutura e tecnologia em suas operações durante ano, o executivo afirma que esse volume pode ser reduzido para até R$ 40 milhões, devido ao momento de incertezas que vem pela frente, mas garante que a postura da empresa segue focada no crescimento por meio de mais contratos e reinvestindo parte desse capital para novos ativos de energia próprios, como nos casos do Grupo Positivo e Marista, onde a companhia possui 100% do capital nos empreendimentos, que geram receita em longo prazo.

Brandão conta que grande parte dos investimentos da desenvolvedora recai em inovação, com esforços para evolução na tecnologia da Internet das Coisas (IoT), visando a automação completa de todos os empreendimentos “na palma da mão”, com o desenvolvimento de softwares próprios para gestão das usinas, como nas oito unidades entregues recentemente nos campi de Brasília, Pernambuco, Tocantins e Minas Gerais da União Brasileira de Educação Católica (Ubec).

A companhia também concluiu 5 MW para o grupo educacional Bom Jesus, além da última planta inaugurada em Pato Branco (PR), na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a 47ª já instalada em todo o Brasil, sendo 14 no seu estado de origem e 21 em instituições de ensino, a exemplo da Universidade Federal do Paraná, que possui um sistema com expectativa de gerar R$ 1,5 milhão em recursos em um ano.

“Produzir usinas para esse nicho educacional é uma forma de trazer benefício para um setor fundamental em nossa sociedade e que sofre com contingenciamentos financeiros. É um foco de essência que temos”, pondera, citando que o quadro de clientes é completado por fundos de investimentos e agronegócio, e num volume menor, shoppings, supermercados e estacionamentos.

Alexandre Brandão: crise trouxe efeitos benéficos para a empresa dentro do mercado de GD, mas período ainda é de incertezas (Alexandria)

A partir da relação com grandes consumidores agroindustriais e do ramo sucroalcooeiro, Brandão lembra que começou a estudar o biogás ainda em 2017 como fonte adicional para produção de energia à noite em UFVs, inclusive com a criação na época de uma joint venture com Itaipu para fornecimento do insumo e estruturação de projetos. Agora ele tem analisado também a questão dos mercados que buscam outras formas de combustão devido à queda bruta do petróleo.

“Observamos uma demanda do setor para fornecimento de energia com automação e estamos partindo para esse desafio de formalizar usinas híbridas, numa parceria com Universidade de Hoffenheim, da Alemanha”, afirma o idealizador do projeto.

A ideia do grupo é mesclar a infraestrutura já existente e instalada de geração fotovoltaica a novos investimentos em biomassa no Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Mato Grosso. Inicialmente, os planos contam com pelo menos quatro usinas em cada estado, e as negociações correm com os produtores locais para solucionar questões de logística no abastecimento dos insumos usados na geração.

“Já vimos que há viabilidade, estamos vendo apenas a questão do mapeamento dos dejetos, e entrando em contato com os produtores para definir e saber quanto de cada insumo a gente teria disponível. Não temos limites de investimento. Se vierem 10 mil produtores no Ceará, nós podemos fazer 10 mil projetos, vai depender da conversa e da abertura dos produtores”, conclui.