Em uma teleconferência nessa quinta-feira, 25 de junho, o presidente do Grupo CEEE, Marcos Soligo, afirmou que os efeitos decorrentes da crise provocada pelo coronavírus não estão atrasando ou impactando de alguma forma no cronograma da privatização das subsidiárias da companhia, pelos trabalhos envolverem muito mais a leitura e análise de dados do que ações práticas, o que pode ser feito remotamente pelas equipes da companhia e do consórcio formado pelo BNDES e pelo estado para tocar o processo.

“A desestatização é um trabalho intelectual, de elaboração de relatórios. Ninguém parou por causa da pandemia”, conta o executivo, que disse estar indo à empresa todos os dias para trabalhar em todas ações e planejamento institucional para tornar os ativos um canteiro de obras para novos leilões à frente. “É claro que o mercado diminuiu de tamanho e isso tem um impacto no valor de venda, mas que ainda não temos como mensurar”, avalia.

Perguntado sobre a possibilidade de caducidade das concessões, por conta das cláusulas de desempenho operacional e econômico, Soligo disse que houve a interposição da Aneel e que a companhia irá apresentar um plano de transferência de controle da estatal, não havendo assim extinção da concessão quando a privatização for efetivada, o que está garantido no contrato.

Já sobre as perdas, o resultado financeiro do grupo no primeiro trimestre indica aumento nos índices DEC e FEC, o que o executivo atribui a muitas ocorrências e roubos que vem acontecendo na rede elétrica, principalmente na região Norte do estado, além de vandalismo em linhas de transmissão, com impacto bastante significativo nas finanças e operação. “Nossos investimentos em automação vão contribuir para abaixar esses resultados”, argumenta.

Quanto aos projetos de geração e transmissão em andamento, o executivo destacou a renovação da concessão da hidrelétrica Itaúba (500 MW), saindo do mercado regulado para a venda de energia no mercado livre, baseado no decreto do presidente Jair Bolsonaro no ano passado que permite a instituições em processo de cisão, como no caso da CEEE-GT, ter o contrato renovado por mais de 30 anos com a venda no ACL. “Estamos no processo das garantias físicas dessa usina e investindo ainda nos sistemas de transmissão TESB e FOTE, com 387 quilômetros em construção”, complementa.

Balanço – A distribuidora do grupo encerrou o primeiro trimestre desse ano com prejuízo de R$ 497,6 milhões, valor 109% maior do que o verificado no mesmo período do ano passado. A dívida financeira chegou a R$ 969,8 milhões, quase 25% a mais. Já o prejuízo em 2019 ficou em R$ 1 bilhão, aumento de R$ 93,167 milhões em relação a 2018.

Já o braço de geração e transmissão ficou no azul em 2019, com um lucro líquido de R$ 391,2 milhões, crescimento de 125,6% no resultado. No entanto, o resultado desse primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado foi uma reversão do lucro, indo de R$ 94,7 milhões para um prejuízo de R$ 97 milhões esse ano.