A modernização do setor deve ser a resposta para o mercado mais efetiva contra a crise no setor causada pela pandemia de Covid-19. Em webinário do projeto Sinapse realizado na última sexta-feira, 26 de junho, o diretor da EPE, Erik Rego, revelou que desde março foi mantido um diálogo com a Agência Internacional de Energia e que a proposta de separação de lastro e energia estaria alinhada com o entendimento da associação sobre aspectos da modernização, em detrimento de duas outras sugeridas pelo mercado.

“A proposta de fato consegue endereçar todos os desafios que a gente tem pela frente”, explica. A separação de lastro e energia apareceu na consulta púbica 33, lançada na gestão de Luiz Augusto Barroso à frente da EPE.

O diretor da EPE mostrou ainda que a pandemia trará uma profunda e longa sobreoferta de energia, que em 2020 deverá ficar em 12 GW med, mas que o mercado livre terá um bom crescimento. Outro ponto que ele apresentou foi que a necessidade de potência deve chegar antes da necessidade de energia no horizonte de planejamento e que esse modelo de mercado não é bom para lidar com esse tipo de desafio trazido pelas mudanças de perfil da demanda. A Geração Distribuída deverá ser olhada em um cenário de perspectiva sem a revisão da resolução 482. A revisão dos cenários também foi lembrada por Rego. Os números preliminares do PDE 2030 mostram uma retração de 7 GW med na demanda energia e de 8,4 GW de potência, o que equivale quase a uma usina de Itaipu.

Ainda segundo Rego, a crise mostrou a importância de um parque térmico mais flexível. Caso houvesse mais usinas inflexíveis, mais custos estariam sendo impostos aos consumidores com sobra de energia. “O sistema  tem que estar flexível para choques tanto negativos de oferta quanto para choques negativos de demanda, para que tenha de fato uma racionalidade”, aponta.