A cogeração de energia elétrica em operação comercial no Brasil já conta com 634 usinas, representando 18,8 GW de capacidade instalada, mais de 10% matriz elétrica nacional, informa o levantamento mensal da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen). Deste total, 62% vem da combustão a partir da biomassa da cana-de-açúcar, 17% por unidades movidas a gás natural, e 15% do licor negro, um subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose.

Durante o mês de junho, 75 MW foram adicionados ao sistema, oriundos de duas usinas de bagaço de cana, sendo uma ampliação de 40 MW e uma nova planta de 35 MW. Em maio haviam sido adicionados 51 MW das usinas paulistas. No primeiro semestre, o incremento da atividade foi de 183 MW, 1,1% a mais que no mesmo período do ano passado.

No ranking por unidades da federação, o estado de São Paulo lidera a lista com 221 usinas e 6.967 MW instalados, perfazendo 36,05% do total nacional. Em segundo vem o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.836 MW, correspondendo a 9,87% do país. Na sequência aparecem Minas Gerais, com empreendimentos em 1.745 MW instalados e 8,98% do total, e Goiás, com 40 usinas e 1.395 MW de capacidade e 7,5%. Já o Rio de Janeiro reúne 27 plantas, 1.231 MW instalados e 6,62% do quadro.

Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração destaca-se o Sucroenergético, com Papel e Celulose e Petroquímico vindo num segundo escalão, seguido pelo Madeireiro e de Alimentos e Bebidas.

Dentre os resultados, o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte, ressalta o crescimento dos empreendimentos de biogás, que chegaram ao número de 53, representando 387 MW e mais de 2% da atividade. Mas a preocupação nesse momento é com uma solução para impulsionar a cogeração no país, que pode passar pela realização de uma audiência pública para discutir um modelo para a contratação de Geração Distribuída (GD) no mercado regulado (ACR).

“Defendemos que o Brasil promova a realização de Chamadas Públicas para a GD, com base na Portaria nº 65/2018 do Ministério de Minas e Energia (MME), medida que, adotada com a Portaria nº 538 (ProGD) de dezembro de 2015, definiu valores específicos para a contratação de geração distribuída para diversas fontes, a critério das distribuidoras de energia elétrica”, afirma Duarte.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio, essas CPs poderiam acontecer antes mesmo dos leilões A-4 e A-6 — adiados em função da pandemia, o que permitiria que as concessionárias pudessem adquirir uma parte de sua demanda proveniente da GD para atender a uma necessidade específica em determinada localidade ou uma região atendida, visando garantir uma energia de maior qualidade ou até mesmo um reforço para evitar o risco de intermitência.

“Além de não ter custo adicional com a compra dessa energia, as distribuidoras poderão com esse mecanismo evitar ou adiar investimentos próprios para reforçar ou expandir suas  próprias redes de transmissão e distribuição, o que seria extremamente útil nesse momento em que o país atravessa uma crise econômica decorrente dos efeitos da pandemia”, explica Leonardo Caio.