Com previsão de ser lançado a partir do terceiro trimestre deste ano, a ferramenta de monitoramento e pré-registro de contratos no mercado livre da B3 tem expectativa de adesão elevada dos agentes. Em webinar realizado nesta terça-feira, 30 de junho, o vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, Juca Andrade, revelou que o produto está sendo construído com a colaboração de geradores e comercializadores. “O mercado entende que a solução é adequada porque foi construída por ele mesmo”, afirma.
O produto vai ter uma espécie de indicador de risco de mercado dos participantes, divulgando o nível de preço para os submercados. Segundo ele, essa foi melhor forma de se iniciar o mercado. A curva de preços vai ser baseada nos negócios efetivamente acontecidos no mercado e não em coleta ou estimativa. O report das informações dos contratos vai ser voluntário. Quem aderir vai registrar todas as operações negociadas no dia em que ela acontecer. A exposição dele ao mercado vai ser controlada e ao final vai ser dito ao mercado se o participante está de acordo com o que ele comporta ou não. Ainda segundo Andrade, não será um rating, mas será uma informação bilateral de grande valia com o selo da B3.
A B3 já havia anunciado em março desse ano que entraria no setor elétrico. Segundo Andrade, a bolsa já está no setor há algum tempo, porque tem operações com derivativos registradas desde 2015 pela Cetip. Ele conta que o mercado estava com atração ainda baixa em derivativos e que a B3 deveria se aproximar do mercado físico. Queremos fazer de acordo com o que o mercado quer”, avisa. Ele considera o setor elétrico como um adjacência e que a B3 pode contribuir com ele. As dificuldades são parecidas com as que o mercado financeiro encontrava há algum tempo, citando uma defasagem no setor elétrico na comparação com os aprimoramentos feitos na área financeira. Os aprimoramentos vieram da Cetip e da BM&F, que formaram a B3. “Nossa experiência pode contribuir muito com o mercado livre”, observa.
Sem revelar o preço do serviço, Juca Andrade garantiu que ele será compatível com o mercado. Quando ele for lançado, o valor será anunciado. No começo será gratuito, de forma que os agentes possam conhecê-lo para depois começar a pagar. Andrade assegurou que o preço não vai ser um fator impeditivo. “Não será fator de restrição ao uso”, garante.
Para o presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice, que também participou do webinario, a entrada da B3 no mercado de energia será positiva, mas pede transparência, credibilidade e confiabilidade, de modo que ela possa se transformar na solução de segurança de mercado que o setor tanto almeja. “O sucesso desse processo vai ser tão positivo quanto o mercado acreditar que a plataforma tem o sigilo e a proteção necessário e que a gente tenha segurança em operar”, diz Zanfelice. Desde março, no lançamento, esse aspecto já havia sido reforçado por Fábio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3.
Segundo ele, o ambiente livre também foi impactado pela pandemia de Covid-19, mas as negociações bilaterais impediram problemas maiores. “A negociação mostrou maturidade do Mercado Livre”, relata. Segundo o executivo, a dinâmica da retomada é o grande desafio do setor. Ele também vê muitos desafios com a adoção do preço horário, se aproximando dos mercados maduros.