Um ciclone extratropical com tempestades e ventos de mais de 100 km/h atingiu a região Sul do país entre a última terça-feira (30) e a madrugada desta quarta-feira (01), provocando queda de energia em diversos pontos das áreas de concessão da Celesc, Copel e CEEE, que chegaram a somar com 3,6 milhões consumidores sem luz, sendo 1,5 milhões em Santa Catarina, 1,2 milhões no Paraná e 900 mil no Rio Grande do Sul.
Na avaliação da concessionária catarinense, esse é o maior dano para a rede elétrica já verificado no estado, que foi totalmente afetado, inclusive com o rompimento dos cabos de fibra ótica da Oi, o que impossibilitou a recomposição automática do sistema e a comunicação das unidades consumidores com o call center. No momento, a única forma de comunicação dos clientes da concessionária é através do aplicativo.
“São 300 equipes trabalhando para recuperar o sistema, com cerca de 1300 pessoas, mas o trabalho exige retirada de material pesado das redes e a previsão é que seja estendido por alguns dias em determinadas localidades”, diz a empresa em nota, indicando que os prejuízos ainda estão sendo levantados pelas equipes regionais e que os trabalhos estão avançando, com cerca de 60% do sistema elétrico recuperado desde a madrugada de ontem. No momento, 715 mil unidades consumidoras seguem sem energia na região.
De acordo com o boletim diário do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o fenômeno meteorológico caracterizado por queda acentuada da pressão em um curto período de tempo foi verificado entre às 11 horas e 18 horas da última terça (30), causando diversos desligamentos em equipamentos nas redes de transmissão e distribuição, com consequências na variação e interrupção energética em Santa Catarina, que chegou a ter a carga reduzida pela metade (2.000 MW) quando comparada ao dia anterior.
No Paraná a redução chegou a 25%, cerca de 1.200 MW a partir da mesma base de relação. O ONS afirmou que as cargas estão sendo recompostas de forma gradativa, e que até às 06:30 horas de hoje seguem ainda interrompidas em aproximadamente 24% em SC e 10% no PR.
A Copel informou que suas equipes estiveram em campo por toda a noite e que seguem trabalhando num contingente de mais de 1000 eletricistas para manutenção dos estragos causados pelo “pior evento climático já enfrentado pela companhia”, e que afetou quase dois terços na região Leste do estado, que concentra 2.562 pontos a serem restaurados nas redes de energia, seguida pela região Oeste, com 1.610 ocorrências. A previsão de religação varia caso a caso, de acordo com a dimensão das avarias provocadas pelo temporal na localidade em questão e do tipo de manutenção requerida.
Já a CEEE realizou sua comunicação por meio do Twitter, afirmando que a estação meteorológica do aeroporto Salgado Filho, na capital gaúcha, aferiu ventos de 85,1 km/h entre 03h e 04h, mas que o efeito de afunilamento pelas construções e topografia tendem a acelerar o vendaval para outros pontos da cidade, com rajadas superiores.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a força dos ventos chegou a 116 km/h em Santa Vitória do Palmar no início da madrugada, a 97,6 km/h entre 03h e 04h em Pelotas e a 95,8 km/h entre 06h e 07h na praia de Tramandaí.