O consumo de energia elétrica no país apresentou retração média de 6% entre os dias 01 e 19 de junho, de acordo com estudo realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. O percentual considera a média do Sistema Interligado Nacional, comparado com o mesmo período em 2019. Nesse recorte, o mercado regulado teve queda de 5,6%, enquanto o mercado livre recuou 6,9%, o que sinaliza uma retomada das atividades no país, diante de medidas que flexibilizam regras de isolamento social. A redução é um pouco menor no ambiente regulado por conta do consumo da classe residencial, que se manteve mais elevado.
Quando se compara o consumo médio entre as três primeiras semanas de março, antes do início das medidas restritivas, com a demanda média do período após o começo do distanciamento social, a demanda por eletricidade recuou 14,8%, sendo 14,9% no mercado regulado e 16,3% no mercado livre. Os dados são preliminares e levam em conta a demanda total do mercado cativo, em que o consumidor compra energia diretamente das distribuidoras, e do livre, que permite a escolha do fornecedor e a negociação de condições contratuais. Além disso, o estudo não considera os dados de Roraima, único estado não interligado ao sistema elétrico nacional.
Ao se analisar o desempenho do consumo de energia por ramo de atividade, verifica-se que na grande maioria dos segmentos, a demanda por energia continua menor do que o mesmo período do ano passado, mas os percentuais indicam uma desaceleração da trajetória de queda. Retirados os efeitos de migrações para o mercado livre, a indústria automotiva se manteve como um dos setores com maior queda no consumo de energia. A média no mês de maio foi 34% menor do que a do mesmo período em 2019. Já as áreas de serviços e a indústria têxtil apresentaram queda de, respectivamente, 31% e 36%, na comparação anual.
A CCEE analisou ainda o desempenho do consumo de energia elétrica dos estados em junho, comparando a média do período de isolamento em base anual, de 2020 ante 2019. O levantamento indica que o Rio de Janeiro manteve a liderança, com uma queda de 15%, seguido pelo Espírito Santo, com recuo de 13%. Três estados tiveram alta no consumo: Amapá, com 3%; Maranhão, com 2% e Pará, com aumento de 5%. O resultado se deu por causa da baixa redução da demanda no mercado regulado, ou seja, da energia fornecida pelas distribuidoras, e da elevação do consumo de uma grande indústria eletrointensiva nessa região.
Ao se analisar o desempenho por região, o Rio de Janeiro lidera a queda de consumo no Sudeste. No Sul do país, o Rio Grande do Sul é o que apresentou a maior queda, com recuo de 11%, enquanto, no Centro-Oeste, a redução mais expressiva ocorreu no Mato Grosso do Sul, com 7%. O Nordeste tem a Bahia como o estado com maior índice de redução de demanda, com 12%. Na região Norte, a maior queda se deu no Acre, com recuo de 9%.
No mercado regulado, a expectativa é que as distribuidoras encerrem 2020 com contratação de 115,8% – ou seja, a energia contratada supera em 15,8% a necessidade de energia das distribuidoras para este ano. O limite regulatório de sobrecontratação é de 105%.