A Copel pesquisa uma solução que promete otimizar o uso de energia por clientes de geração distribuída. É um dos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento aprovados na chamada 21/2016 da Agência Nacional de Energia Elétrica, destinada a levantar iniciativas técnicas e comerciais em sistemas de armazenamento de energia, com vistas a desenvolver tecnologias e infraestrutura de produção nacional.

Para isso, a Copel uniu-se à Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul e à empresa paranaense NHS Sistemas de Energia, para chegar a um sistema que permite não apenas o uso da energia solar produzida, mas também o armazenamento do excedente em baterias especialmente adaptadas, além da gestão inteligente de toda a energia gerada e consumida, com comunicação direta com a rede da distribuidora.

O armazenamento e gerenciamento inteligentes são possíveis graças ao uso de um equipamento, o Inversor Solar On Grid Híbrido, combinado a um software específico. A NHS, desenvolvedora do inversor, trabalha junto com a Copel e a UFSM para adequar o projeto de forma a permitir a exploração da funcionalidade de gerenciar energia em conexão com a distribuidora. A partir daí foram feitos protótipos que estão sendo testados em duas plantas-piloto – uma em um dos polos da Copel, em Curitiba, e outra no campus da UFSM.

O inversor é formado por baterias adaptadas para armazenamento de energia e une a possibilidade de usar a energia gerada pelos painéis, a armazenada nas baterias ou a energia da rede da distribuidora, ou seja, aplicar funcionalidades híbridas de acordo com a necessidade ou comandos dados pelo cliente ou pela distribuidora. De acordo com o engenheiro eletricista do Departamento de Projetos Especiais da Copel Distribuição, Tiago Santana, que coordena o projeto pela companhia, o inversor converte a energia solar em energia elétrica e lida com a disponibilidade da energia gerada, dividindo as cargas conforme a melhor maneira de fazer uso delas.

O uso alternado é possível graças ao trabalho otimizado com as três opções de fontes. Se o gerador consegue produzir mais do que consome num determinado momento, o sistema armazena essa energia e injeta o excedente na rede da distribuidora. Já num momento de baixa produção ele pode usar a energia armazenada. Para o engenheiro Zeno Nadal, também do Departamento de Projetos Especiais da Copel, o sistema consegue perceber a necessidade de climatização do ar-condicionado conforme o número de pessoas no ambiente e adequar a temperatura, controlando o equipamento automaticamente. A iluminação também é alimentada de acordo a fonte de energia mais abundante no momento e a necessidade do local.

Para produzir o equipamento em larga escala e ter o sistema funcionando na casa das pessoas, ainda é preciso concluir o projeto de pesquisa do software de gerenciamento e finalizar trâmites de homologação junto ao Inmetro e a concessionárias de energia, o que já está em processo. Em termos de produto, o inversor híbrido é um avanço para o consumidor por permitir a gestão total das cargas usando um só equipamento. No futuro, o consumidor também poderá se beneficiar quando houver diferenças tarifárias conforme horários de consumo. Hoje, isso existe na modalidade da tarifa branca. No entanto, o tema já passa por estudos de ampliação: nos horários de energia mais barata, o cliente usaria energia da rede da distribuidora. Quando fica mais cara, passaria a utilizar do sistema de baterias.

Já a Copel, enquanto concessionária, terá uma solução que pode ser adequada aos medidores inteligentes, em uma realidade de smart grid, para gerenciar a energia da rede em compartilhamento com os geradores individuais. A coordenadora do projeto pela UFSM, professora Luciane Canha, destaca o sistema como resultado do interesse mútuo em levar as inovações desenvolvidas nas universidades para além do limite de seus muros.