A estratégia de gerenciamento de passivos, compreendendo novos empréstimos entre empresas no valor de R$ 2,4 bilhões realizado pela CPFL Energia, onde os valores concedidos por seu acionista controlador State Grid Brazil Power Participações, controlado pela State Grid International Development Limited, mostra a força do apoio que a empresa tem de seus acionistas, avaliou a agência de classificação de risco Moody’s Investor Service.
Em seu relatório, a Moody’s lembra que os recursos desses empréstimos, representam 9,5% da dívida consolidada da CPFL Energia, foram utilizados no pré-pagamento de outros empréstimos garantidos de longo prazo, com taxas de juros relativamente mais altas. “O forte apoio financeiro proveniente da controladora também oferece flexibilidade financeira à CPFL Energia para executar sua estratégia de negócios de longo prazo em meio às condições voláteis do mercado, agravadas pela covid-19”, apontou.
Do total de empréstimos entre empresas, R$ 2 bilhões foram contratados pela CPFL Renováveis, enquanto os demais R$ 380 milhões restantes foram contratados pela comercializadora. Os recursos serão utilizados principalmente para pagar antecipadamente empréstimos em aberto do BNDES e do BNB, que são relativamente mais caros, com um custo médio efetivo de 5,43% ao ano (em março de 2020). Apesar do prazo mais curto, aponta a Moody’s, os empréstimos entre empresas contam com vencimento em dezembro de 2021, o custo financeiro geral é classificado como atraente, com base na taxa de depósito interbancário (DI) mais 1,1% ao ano, resultando em 3,35% ao ano.
Na análise, a agência aponta ainda que a liberação das ações da empresa comprometida com a dívida existente também facilitará uma reorganização de negócios em andamento. A conclusão da oferta pública de aquisição das ações ordinárias remanescentes da CPFL Renováveis e seu processo de fechamento de capital deverá levar a uma fusão parcial ou total da geradora dentro do grupo a fim de extrair sinergias operacionais e benefícios fiscais da aquisição.
Para a agência, a alavancagem consolidada da CPFL Energia, representada pela relação dívida líquida/EBITDA de 2,21x de acordo com os números de março de 2020, não será afetada por esta transação. “Consideramos o novo empréstimo intercompanhia como um instrumento semelhante à dívida. Esperamos que a empresa deverá refinanciar esses empréstimos no vencimento com uma combinação de empréstimos bancários e emissões no mercado de capitais ou, eventualmente, estender os termos com a controladora se as condições do mercado piorarem ou se tornarem desfavoráveis”, finalizou.