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A AES Tietê espera começar os primeiros testes com sua plataforma Energy Intelligence dentro de um mês. Esse projeto tem como objetivo desenvolver o primeiro balcão organizado em blockchain no Brasil para comercialização de energia. A iniciativa foi iniciada em outubro do ano passado e está enquadrada no programa de P&D da Aneel. A previsão é de que no final do ano as negociações comecem a ser feitas no mundo real. Enquanto isso a empresa apresentou a primeira entrega do projeto, a de permitir a emissão de certificados de energia renovável I-REC em menor tempo.
Um marco para o projeto, conta a coordenadora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da empresa, Julia Rodrigues, é a parceria com a Energy Web Foundation (EWF) e a integração do sistema que está em desenvolvimento local à plataforma EW-DOS. Segundo ela, essa parceria já ocorre em termos globais com a AES Corporation e permitirá a comercialização de certificados de energia renovável.
“Essa parceria acelera o processo de emissão de I-RECs. Uma vantagem é que a entidade global que controla esses certificados também é membro da EWF”, comenta. Essa possibilidade, aponta a AES Tietê, traz uma perspectiva interessante no negócio de certificados de energia renovável, até porque há diversas multinacionais dos Estados Unidos que precisam seguir as diretrizes ambientais americanas em todos os mercados em que operam e sempre olham para certificados internacionais como o I-REC, o que aumente a liquidez desse título.
A geradora já apontava este como o primeiro passo do projeto. Ainda no início do ano a empresa apontava esse como um primeiro caminho a ser viável no projeto que tem duração de 18 meses. Por isso, continua a executiva, essa é a primeira grande entrega do projeto que está em andamento.
Atualmente o prazo total desde a emissão do I-REC até a finalização de todos os trâmites burocráticos e administrativos é de cerca de 90 dias. A ideia com o sistema é de que esse prazo seja significativamente reduzido. Mas ainda não é possível apontar para quanto tempo pode cair. Segundo Julia Rodrigues, a emissão apenas, que é feita em questão de dias, possa ocorrer em tempo real, ou seja, a geração de energia é verificada assim que efetivamente medida e já é possível emitir o I-REC, aí entram outras questões administrativas que possuem seus prazos. Mas a emissão pode ser em tempo real”, aponta.
Já a plataforma como um todo tem prazo até abril do ano que vem para ser encerrada. Nos oito meses em que o trabalho vem sendo desenvolvido, conta Júlia, a equipe vem fazendo validações semanais e a ideia é de que sejam fechadas parcerias para os testes de mercado com clientes reais. Inclusive, disse, já há interessados em participar das primeiras simulações que têm previsão de serem iniciadas já no próximo mês.
“Esse será um marco importante do projeto para a validação dessa primeira versão com a equipe de comercialização”, destaca. “As negociações reais devem ficar para o final do ano, ainda não como um balcão organizado que depende de uma contraparte central, mas já permitindo a negociações reais”, acrescenta. Essa primeira validação prevista para agosto deverá incluir testes de funcionalidade e velocidade e faz parte do processo de homologação.
Agora a meta é a de transformar a plataforma em um balcão organizado, para isso a contraparte é fundamental. E como envolve instituições como a CVM e outros estudos regulatórios a tendência é de que a finalização ultrapasse o prazo do projeto. Mas, apesar disso, o objetivo é deixar o sistema pronto para ser utilizado. “Nossa meta não é de conseguir a entidade para o projeto nesse tempo, essa fase não está no escopo dos trabalhos agora, mas a Fohat, que é a parceira nesse trabalho vem conversando e tem dados atualizados sobre possíveis entidades que poderiam ser os centralizadores e atuar como a contraparte. De qualquer forma, estamos preparando o sistema para receber a contraparte quando esta estiver disponível”, avisa a executiva.
Enquanto isso, a AES Tietê se mostra otimista quanto à funcionalidade atribuída ao sistema. O Brasil é o segundo maior mercado global de I-REC com 3 milhões de certificados emitidos ano passado e a perspectiva é de chegar a 5 milhões em 2020. E ainda, para o futuro vê potencial para a ampliação do mercado livre ao lembrar que somente no ano passado foram cerca de US$ 26 bilhões em contratos de energia comercializados no ACL e que o movimento é de uma abertura cada vez maior.
Além da possibilidade de comercialização de certificados de energia renovável presente na plataforma da EWF, a ideia com o projeto é de integrar outras soluções digitais desenvolvidas pela AES Tietê, como as Usinas Virtuais de Energia (VPPs). “Esse conjunto de iniciativas fará com que a AES Tietê amplie sua presença comercial no mercado nacional, atuando cada vez mais como uma plataforma integrada de energia, adaptável às demandas dos clientes, oferecendo soluções sustentáveis e customizadas de acordo com a necessidade de cada um deles”, finaliza Julia.