O consumo de energia no Brasil apresentou retração média de 4,6% em junho, na comparação com o mesmo mês no ano passado. Os dados confirmam o início de uma tendência de retomada na demanda, ainda que lentamente. Foram consumidos 56.910 MW médios em junho de 2020 contra 59.645 MW médios em igual mês de 2019. O resultado é reflexo da flexibilização das medidas de isolamento social em algumas das principais cidades do país.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou nesta segunda-feira, 13 de julho, que tanto o mercado regulado como o livre apresentaram o mesmo percentual de queda (- 4,6%) em junho.
Para efeitos de comparação, em maio, houve redução de 10,9% no consumo nacional de energia, sendo uma queda de 11,4% no Ambiente de Contratação Regulado (ACR) e de 9,7% no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Em abril, mês em que houve a maior queda, devido às medidas de combate ao novo coronavírus, a retração chegou a 12,1% no total, com diminuição de 11,5% no mercado regulado e de 13,6% no livre.
Quando se compara a média de consumo de todo o período de isolamento (21/03 a 30/06) com a média dos 20 dias imediatamente anteriores às medidas restritivas (01/03 a 20/03), a redução é de 14,6%, o que corresponde a uma diminuição de 14,1% no ACR e de 15,7% no ACL.
Os dados são preliminares e levam em conta o consumo total do mercado cativo, em que o consumidor compra energia diretamente das distribuidoras, e do livre, que permite a escolha do fornecedor e a negociação de condições contratuais. Além disso, o estudo não considera os dados de Roraima, único estado não interligado ao sistema elétrico nacional.
Para mais detalhes sobre o panorama recente do setor de energia, consulte a nova ferramenta online da CCEE, que apresenta análises do consumo em base diária, permitindo filtros por ambiente de contratação, submercado, unidade federativa e por ramo de atividade.
Ramos de atividade
Com relação à demanda de energia por ramo de atividade, o resultado de junho permanece menor do que o mesmo período do ano passado, mas os percentuais refletem a tendência de desaceleração da trajetória de queda.
Já expurgados os efeitos de migrações para o mercado livre, o segmento têxtil (-32%), a indústria automotiva (-29%) e o setor de serviços (-29%) foram os que apresentaram as maiores reduções na comparação anual. Outros quatro setores mostram aumento da demanda na comparação anual.
Análise regional
A CCEE analisou ainda o desempenho do consumo de energia elétrica dos estados no período, comparando a média de todo o período de isolamento (21 de março a 30 de junho), na comparação com os mesmos dias de 2019. O levantamento indica que o Rio de Janeiro foi o estado que apresentou maior queda, de 15%, seguido pelo Espírito Santo, com -13%.
Três estados tiveram alta: Amapá (3%) e Maranhão (1%) – por causa da baixa redução no mercado regulado (distribuidoras) e da retomada de alguns setores da economia nestes estados – e o Pará, com 5%, ainda refletindo a retomada da produção de uma indústria de alumínio que teve atividades paralisadas no ano passado.
Ao se analisar o desempenho por região geográfica, Rio de Janeiro lidera a queda no Sudeste. No Sul do país, o Rio Grande do Sul é o que apresentou a maior queda (-10%), enquanto, no Centro-Oeste, a redução mais expressiva ocorreu no Mato Grosso do Sul (-6%). O Nordeste tem a Bahia como o estado com maior índice de redução (-11%). Na região Norte, a maior queda se deu no Acre, com -9%.