O Cepel disponibilizará ainda neste mês a primeira versão da ferramenta “pyencad”, desenvolvida para analisar e integrar os modelos computacionais utilizados no planejamento da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). Em linhagem Python, uma das vantagens da nova tecnologia é permitir que os usuários customizem suas aplicações, por meio de comandos programáveis ou scripts.

Juan Colonese, pesquisador do Cepel e principal desenvolvedor do pyencad, disse que a ferramenta foi bem recebida pelos participantes do último curso de previsão de vazões oferecido pela equipe do projeto PREVIVAZ (nov/2019).

Nesta primeira versão do pyencad, há suporte para os modelos de previsão de vazões semanais e diárias do Cepel: PREVIVAZ e PREVIVAZH, respectivamente. Será possível usar os modelos para: obtenção de vazões semanais por regressões lineares, segundo regras oficiais ou personalizadas; composição de arquivos de entrada para os modelos GEVAZP (arquivo tipo “prevs.rvx”) e DESSEM (arquivo tipo “DADVAZ.dat”,) usando as previsões obtidas com os modelos PREVIVAZ, PREVIVAZH, regressões destas ou outros modelos de previsão; e processamento de resultados do modelo DESSEM para obtenção de trajetórias de preços horários, a partir de decks elaborados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entre outras

De acordo com Juan Colonese, estas e outras aplicações são apresentadas aos usuários por meio de exemplos, que utilizam as ferramentas disponibilizadas e conjuntos de dados oficiais para simular usos comuns dos modelos de otimização energética do Cepel pelos agentes do setor elétrico brasileiro.

“Como a motivação principal para o desenvolvimento do pyencad partiu da dificuldade de incorporar diferentes tipos e fontes de dados em estudos de previsão de vazões em diferentes contextos, seu principal objetivo é integrar os modelos em um framework único, flexível, customizável e transparente, com ferramentas diversas para manipulação, análise numérica, estatística e gráficas, para uso conjunto dos modelos desenvolvidos pelo Cepel”, explicou o especialista.

Internamente, a integração entre modelos ocorre, basicamente, pelo uso de estruturas de dados das principais bibliotecas do Python para computação científica e análise de dados: numpy e pandas. Quando necessário, estão disponíveis funções de transformação para adequação a estruturas específicas de cada modelo, como, por exemplo, transformar dados de entrada em frequência diária para o calendário operativo semanal adotado no planejamento da operação.

“A flexibilidade para uso das ferramentas é o fio condutor do desenvolvimento desse produto. Para um usuário inexperiente, os processos internos de interface com modelos se darão de maneira transparente e sem obstáculos. Por outro lado, aqueles que queiram customizar suas aplicações a diferentes realidades poderão fazê-lo facilmente, uma vez que a arquitetura projetada é totalmente aberta e documentada”, destaca Juan.

O pesquisador acrescentou que a estrutura modular do pyencad permite aos agentes do setor elétrico estender, incorporar ou adaptar, a partir de ferramentas já existentes, novas funcionalidades mais diretamente ligadas a necessidades e objetivos específicos no uso dos modelos do Cepel.

Além de Juan Colonese, integra a equipe desenvolvedora do pyencad o pesquisador e gerente do projeto PREVIVAZ, Luciano Xavier.

Integração

Planeja-se que a ferramenta pyencad seja acoplada, no futuro próximo, ao novo ambiente computacional LIBS, que está sendo desenvolvido pelo Cepel para integrar os seus modelos de otimização energética, tanto do ponto de vista de desenvolvimento computacional, como de aplicação pelo usuário, no âmbito de um acordo firmado com ONS e CCEE.

“Existe uma demanda dos usuários para que tenham mais autonomia para realizar estudos customizados envolvendo vários modelos, como, por exemplo, alterar alguns dados de entrada de forma sucessiva, para a realização de análise de sensibilidade”. Esta demanda já está sendo atendida pelo pyencad, e depois será incorporada e acoplada à interface xLIBS do novo ambiente LIBS”, complementou o pesquisador André Diniz, gerente do projeto LIBs e chefe do Departamento de Otimização Energética do Cepel.