A conjuntura atual do mercado brasileiro de energia tende a desestimular a antecipação de fazendas solares. Os empreendedores tendem a ajustar o cronograma de investimentos ao atendimento aos contratos do ambiente regulado. Essa é a avaliação de André Salgueiro, gerente de Relações com Investidores da fabricante WEG. A empresa sentiu uma desaceleração também no mercado de geração solar distribuída devido à pandemia de coronavírus, contudo, esse negócio já dá sinais de retomada.
Mesmo com o advento do Covid-19, a multinacional brasileira apresentou um excelente resultado no segundo trimestre de 2020. A empresa registrou lucro líquido de R$ 514,4 milhões, aumento de 32,2% quando comparado ao segundo trimestre do ano passado.
O resultado positivo pode se explicado pelo estoque de pedidos para produtos de ciclo longo. O segmento de GTD (Geração, Transmissão e Distribuição de Energia) respondeu por 35,8% da receita no segundo trimestre de 2020, com destaque para entrega de equipamentos para o segmento de transmissão de energia.
“Apesar da melhora gradual na dinâmica dos negócios de ciclo curto verificada no final do trimestre, ainda não podemos afirmar que a crise foi superada. Incertezas com relação à recuperação econômica nos países onde atuamos e uma possível segunda onda de contágio global podem impactar nossos negócios nos próximos meses. Por outro lado, a nossa carteira de produtos de ciclo longo deve continuar trazendo estabilidade e resiliência para os nosso negócio ao longo do ano”, disse Paulo Polezi, diretor de Finanças e Relações com Investidores da WEG, em teleconferência com analistas de mercado nesta quinta-feira, 23 de julho.
Sobre a dinâmica do mercado de energia solar, a WEG disse que o negócio de geração distribuída está evoluindo bem; mas como todos os negócios de ciclo curto da companhia, foi impactado pela pandemia e está operando abaixo do nível pré-crise.
“De qualquer forma é um segmento que tem boas perspectiva de médio e longo prazo, e a gente acredita que através do nosso modelo de negócio, a marca da WEG que é bem conhecida nesse mercado, a gente terá oportunidades de continuar endereçando esse mercado e aproveitar a retomada que deve acontecer daqui para frente”, disse Salgueiro.
Já no negócio de fazenda solares a empresa espera uma desaceleração no número de pedidos no curto prazo, que deverá ser compensado pelas carteiras de energia eólica e linhas de transmissão. Segundo Salgueiro, praticamente todos os projetos solares licitados entre 2018 e 2019 não fecharam contrato para compra de equipamentos. A obrigação regulatória para o início de operação desses projetos ocorre entre 2023 e 2025. Uma fazenda solar pode ser construída em 1 ano.
“Tem bastante oportunidade no mercado, mas o fato é que por questões macro, câmbio, a questão do custo da energia estar mais barata por conta da crise, o pessoal não tem incentivo para antecipar esses projetos e vender no mercado livre. O pessoal está esperando um pouco mais e tende a fazer esses projetos mais próximo do prazo regulatório”, disse Salgueiro.
Competição com importados
A decisão do governo de zerar a tarifa de importação para componentes para energia solar foi vista como positiva e não deve impactar a competitividade dos equipamentos produzidos localmente pela WEG. “Do ponto de vista geral, a iniciativa é bastante positiva e tende a fomentar o negócio de energia solar com essa redução do imposto de importação dos equipamentos”, avaliou Salgueiro.