A adoção dos derivativos no mercado de energia elétrica não deverá demorar para crescer. As comercializadoras deverão ser, naturalmente, as primeiras a aderir ao novo contrato que o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia está autorizado a oferecer como balcão organizado, mas a expectativa é de que mais agentes, inclusive financeiros, como bancos de fundos de investimento, comecem a operar em breve na plataforma.
O CEO da BBCE, Carlos Ratto, não quis estimar um prazo para que os derivativos sejam adotados pelo mercado, mas acredita que ao longo deste ano já seja realidade. Até porque, lembrou ele, o mercado já se utiliza desse mecanismo na CCEE. “Se pegarmos os dados da CCEE e ver a quantidade de volume registrado ante o consumido, o volume é de cinco a seis vezes maior, é mais negócio do que energia física consumida. Então isso nos chamou a atenção para que talvez um mercado de preço e que não precisa do mercado físico já estaria ocorrendo”, lembrou o executivo.
A diferença, aponta ele, está na não necessidade de os investidores serem agentes na câmara, não precisarem de emissão de nota fiscal e a questão tributária sobre esses contratos. Pois os derivativos não estão relacionados ao produto físico e sim ao financeiro por negociarem preço.
Entre as novidades, ele relatou a adoção de uma curva de preços com base em três pilares, as operações em tela, que é onde está a liquidez do mercado livre e as operações reais, o resultado dessas operações é o preço formado pelo mercado. Essa base de dados é composta por 4.598 MW médios, a média de volumes negociada nessa modalidade em 2019. O segundo pilar é a oferta, são 58 mil contratos e que só a empresa tem, as intenções de compra e de venda. Por fim, o terceiro e que pode ser aplicado para o longo prazo, está o que a companhia chama de contribuidores de preço, um grupo de empresas que mais operam na plataforma.
Apesar da nova curva Ratto reforça que o PLD será a base para o contrato de derivativos. Ele reforçou a intenção de estender esses contratos para outros produtos como biogás, etanol e biomassa. A permissão base para os negócios foi dada e para ampliar é necessário adequações apenas.
Ratto, que participou de webinar promovido nesta quinta-feira, 23 de julho, pela Cogen e Unica, reforçou que o objetivo para o futuro é de ser uma clearing house para o setor de energia. Mas que esse passo ainda depende das condições e do desenvolvimento do mercado. “Ser uma clearing com a alta volatilidade e a liquidez que temos levaria a uma chamada de margem que poderia inviabilizar as operações. Precisamos de mais operações e liquidez”, comentou ele.
Ele relatou que o BBCE vinha tendo um ano que classificou como bom até a segunda metade de março. A partir de então o volume de negócios caiu, houve menos operações até junho e julho que mostra uma relativa recuperação, mas ainda abaixo do que ocorria no primeiro bimestre.