A Cemig reduziu seu plano de investimentos para 2020 por conta dos efeitos da pandemia. O valor que a estatal projeta aplicar ainda este ano é de R$ 1,71 bilhão, uma redução de 15% quando comparado ao plano no início do ano. Mesmo com essa retração a companhia mineira terá que acelerar o ritmo dos aportes, até o final de junho foram aplicados R$ 666 milhões, o que equivale a 38,95% do total já revisado. Originalmente a estatal previa um plano de investimento de pouco mais de R$ 2 bilhões. No período até 2024, contudo, a meta de R$ 10,4 bilhões em aportes continua.
Outro efeito que a companhia reportou foi a queda na demanda por energia no primeiro semestre. O volume ficou na primeira metade de 2020 ficou 4% menor quando comparado ao mesmo período do ano passado, 6% a menos na base trimestral. Apesar disso, o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, afirmou que em julho a empresa começa a ver uma recuperação dos volumes. A maior diferença de consumo que a empresa verificou foi justamente em abril, com uma demanda 10,44% menos em 2020 ante 2019. Aos poucos o consumo foi retomado e em junho terminou 1,97% menor ante o ano passado.
Em julho, comentou ele em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do segundo trimestre, o volume já se mostra levemente superior a 2019, segundo dados preliminares. Em agosto o volume está em um mesmo nível.
“Vemos que é possível a recuperação. Esse dado é importante para mostrar que vamos passar pela pandemia com resiliência”, comentou o executivo que citou ainda a melhoria de outros indicadores. “Vemos indicadores maiores de adimplência, tem melhorado com as políticas públicas que permitem a recuperação e ainda temos a expectativa positiva com a retomada de cortes e acordos”, acrescentou ele que ressaltou ainda o avanço da empresa na digitalização, o que reduz a dependência da empresa aos pagamentos em casas lotéricas, por exemplo, como forma de reduzir a inadimplência.
A retomada do corte de energia para os inadimplentes aconteceu em agosto. Enquanto até julho 30% do planejado havia sido efetivado. Mas, destacou ele, antes foram tomadas medidas como uma campanha para a negociação com clientes em débito.Além disso, outras medidas foram tomadas no que se refere a processo de perdas e de medição. Todos os clientes de alta tensão e livres são telemedidos, são aproximadamente 1.900 unidades consumidoras, 97,5% dos clientes em média tensão, além de outros 20 mil em baixa tensão até o mês passado.
Segundo dados da Cemig, foram realizadas 313 mil inspeções até julho, o equivalente ao aplicado no ano de 2019 inteiro. A meta é chegar ao final de 2020 com perdas de 956 GWh. O índice reportado até o final de junho foi de 13,66% nas perdas totais, ainda acima da meta regulatória que é de 11,45%.
Passanezi destacou que em 2020 a empresa poderá alcançar seu menor nível de DEC, podendo ficar abaixo de dois dígitos pela primeira vez. Anualizado, o indicador ficou em 10,44 horas. No ano, contudo, está em 4,97 horas. Essa evolução, argumentou a empresa, reflete o plano de investimentos em distribuição no ciclo 2020/2022, que reforça os compromissos com a modernização de ativos.
A empresa destacou ainda as ações aos clientes livres da Cemig D como o diferimento da fatura com pagamento em 12 meses a partir de julho, com taxa de 1% ao mês, Para a subsidiária de geração e transmissão também houve diferimento da diferença entre o take e o medido com pagamento em até 36 meses, a partir de julho, com taxa de 1% a.m. Em ambos os casos, se o parcelamento for liquidado em 2020, não serão cobrados juros. Com isso, disse, a empresa projeta que a entrada de caixa postergada será recuperada, em sua maioria, ainda neste ano.
Ao final de junho a companhia registrava caixa de R$ 3,7 bilhões. A dívida consolidada era de R$ 12,2 bilhões, mas considerando o Hedge feito para a proteção do endividamento em moeda estrangeira, que corresponde a 52% do total, o valor do que a companhia deve estava em R$ 8,9 bilhões, uma alavancagem medida pela relação entre a dívida líquida e o ebitda de 2,01 vezes, menor índice desde 2018.