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O Gesel/UFRJ lançou nesta terça-feira, 25 de agosto, um livro de avaliação e perspectivas acerca do programa de Pesquisa & Desenvolvimento da Aneel ao longo de seus 20 anos de existência, apresentando proposições e medidas de inovações regulatórias e de políticas públicas para aperfeiçoamento do mecanismo. O projeto contou com o apoio da RedeSist, grupo de pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ, que analisou o P&D da Agência entre 2008 e 2015.
Segundo o levantamento, foram 6.601 projetos realizados, 325 novas patentes registradas e 3.900 artigos em periódicos, numa média anual de R$ 550 milhões em investimentos.
“O programa é um exemplo hoje para outros setores e a ideia é que essa análise se torne um referencial para as próximas revisões. Fizemos comparações internacionais e não identificamos nada análogo a esse formato inovador do nosso P&D, que dá liberdade para as empresas decidirem seus temas e atuação”, comentou Nivalde de Castro, durante o webinar de apresentação.
O coordenador do Gesel falou sobre a evolução do programa ao longo dos anos, passando de um estágio de intercâmbio entre pesquisadores e empresas à uma cultura de inovação, com foco em produtos para o mercado. Entre as novas propostas, está a estruturação de um observatório de inovação nacional, no intuito de monitorar e identificar novos temas pertinentes ao fomento da cultura de inovação e assessorar as companhias de energia.
O Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Reive Barros, destacou a quebra de um paradigma histórico para o país, quanto a dificuldade na relação e simbiose entre empresas e centros acadêmicos, e que agora o momento é de se aproximar da indústria, atraindo mais recursos para uma rede de inovação.
No entanto, o ex-diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) enxerga que atualmente os recursos estão sendo mais utilizados para pesquisas e artigos do que propriamente ao desenvolvimento de produtos que deem retorno financeiro e vão competir no mercado.
“Como acontece com a Capes estamos investindo muito em artigos, que são importantes, mas o que demonstra resultado concreto são as patentes e hoje temos um caminho tortuoso para isso no Brasil”, pontua, referindo-se a demora na concessão de outorgas de registro, o que desestimula as empresas, que esperam um retorno não muito alongado de seus projetos.
Base nacional e focos da inovação
Também presente no evento virtual, o diretor da EPE, Giovani Machado, afirmou que o projeto complementa uma plataforma que está sendo desenvolvida para acompanhamento das áreas de P&D e Energia, no intuito de organizar uma base nacional com uma série de parceiros, como a Cepal, CGEE, Aneel, ANP, CNPq e Capes.
“A ideia é identificar todos esforços classificados dentro de uma metodologia da Agência Internacional de Energia (IEA), que torne quantificável e comparável por segmentos de inovação”, resume, indicando que mercados mais abertos e competitivos somados aos esforços já existentes é que irão fazer as empresas perceberem a inovação como um processo, um ativo empresarial, e do ponto de vista de país, com viés geopolítico por gerar valor e riqueza.
Para ele, a principal barreira a se vencer no Brasil é acabar com a dicotomia entre departamentos de pesquisa/inovação e a atividade econômica dentro de uma representação. “É um conceito de valor que que deve permear toda companhia”, complementa, lembrando também do poder de capacitação de recursos humanos a partir de aprendizagens com processo dinâmicos e que possam ser replicados.
Na parte de energia em particular, o executivo vê dois focos bem delineados para a chamada transição energética: a digitalização e o papel do hidrogênio como vetor para geração e armazenamento, permitindo o acoplamento de mercados do setor elétrico com outros, como de combustíveis ou saneamento. “Essas duas vertentes irão distinguir os países vencedores e perdedores na transição energética”, define.
O professor da USP e com larga experiência no setor elétrico, José Sidnei Colombo Martini, lembrou da sinergia com as áreas de saneamento e aproveitamento de resíduos sólidos para geração, que tem crescido nos últimos anos, e propôs que o programa avance para outras questões elétricas além da própria tecnologia, visto que diversas oportunidades podem ser exploradas.
“O hidrogênio tem potencial para ser a grande bateria do mundo e está crescendo muito dentro das commodities internacionais. Por aqui temos um projeto de turbinas hidrocinéticas para produção de energia em rios da Amazônia, além de políticas de apoio a esses povoados do Norte, que tem sua geração a base de sistemas isolados”, exemplifica.