A AES despediu-se nesta quinta-feira 3 de agosto, de seu último ativo térmico no país. A empresa anunciou a venda da UTE Uruguaiana, que estava sem fornecimento regular de energia para o SIN desde 2008. O negócio foi fechado com a empresa argentina San Atanasio Energía S.A. – SAESA. Os valores não foram divulgados. Agora o grupo possui em sua operação brasileira um portfólio 100% de fontes renováveis, inclusive os projetos térmicos previstos na década passada não sairão do papel.
Segundo o presidente da AES Brasil, Ítalo Freitas, agora o grupo está focado na geração renovável por meio da AES Tietê Energia, comercialização de energia e serviços digitais aos clientes. Ele descartou o investimento em novas térmicas no futuro. Apesar de ainda não terem um direcionamento ao que ocorrerá com pelo menos dois projetos que estavam no portfolio do grupo que utilizariam gás natural.
“Aqueles projetos ainda existem, podem ser vendidos ou deixados de lado, nosso trabalho em geração está focado nas fontes renováveis”, disse ele em entrevista à Agência CanalEnergia.
Freitas comentou que agora com a venda da usina que pertencia à Brasiliana Participações, subsidiária controlada pelo BNDESPar e AES Holdings Brasil. A AES reforça sua atuação na geração por meio de fontes limpas.
No caso da Tietê Energia estão de olho tanto em fusões e aquisições de projetos greenfield e brownfield, como ocorrido recentemente. No ano passado foram dois projetos adquiridos e esse ano, mais recentemente anunciado o Complexo Eólico Ventus junto à J Malucelli.
E esse movimento poderá continuar, sinalizou ele. “Estamos vendo ativos para M&A, mas temos alguns critérios operacionais de retorno do projeto e de compliance. Obviamente que somos operador de ativos, por exemplo, em Alto Sertão II passamos de uma disponibilidade de 89% para 98%”, apontou ele, ressaltando que um dos critérios da empresa nesse processo é obter elevação de turnaround de ativos físicos como uma forma de gerar valor, além de obter sinergias operacionais.
Projetos novos também estão no foco. Nesse quesito elencou a aquisição de Tucano (BA, 322,4 MW) e o complexo de Cajuína (RN, 1,1 GW). Além disso, destaca a evolução do mercado livre para atender grandes consumidores por meio das fontes renováveis.
Um terceiro viés de atuação é a digitalização da comercialização de energia. Ele revelou que em novembro deve entrar em operação uma nova plataforma de comercialização de energia via web ou aplicativo. Uma forma da empresa se preparar para a crescente abertura do ACL. Esse caminho já vem sendo desenvolvido na operação da AES em outros países e por aqui está em desenvolvimento desde o início do ano.
“Essa ação vem sendo pensada desde o ano passado com o conceito de atribuir mais agilidade e facilidade na contratação de olho na massificação do mercado livre. Não dá para fazer o que é feito atualmente em termos de atendimento ao consumidor livre, que é ter o contato pessoal e físico com ele em um mercado em que teremos 150 mil clientes. Tem que ser via digital que é a forma mais fácil”, disse.
Ativo
A nova proprietária da UTE Uruguaiana é a argentina Saesa, comercializadora de gás no país vizinho que agora passa a atuar no mercado brasileiro mas com a geração que pode ser dedicada toda à Argentina por conta das conexões ali existentes. São 70 MW na própria usina mas 2 GW em Garabi. Como a UTE produz 550 MW, pode ser totalmente dedicada ao atendimento aos vizinhos.
A usina termelétrica a gás natural no Rio Grande do Sul foi inaugurada em 2000. Com capacidade instalada de 639,9 MW produzia energia suficiente para abastecer mais de 2 milhões de residências. Por conta da falta de contratos de fornecimento de gás de longo prazo, vivia momentos de fornecimento sem regularidade por conta da falta do insumo que era fornecido pelo país vizinho. Quando operava era em caráter emergencial por um prazo temporário.