A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) concluiu que não há viabilidade econômica para o uso de sistemas de armazenamento de energia por baterias “atrás do medidor” no Brasil, pelo menos no horizonte do Plano Decenal de Energia 2030.

O mercado de baterias está em expansão no cenário internacional, principalmente para atendimento da indústria de eletrônicos, veículos elétricos e eletricidade. Nos últimos dez anos (2010-2019), segundo estudo recente da BloombergNEF (2020), a escala e o desenvolvimento tecnológico das baterias de íon-lítio levaram a uma redução de 87% no custo da tecnologia.

No entanto, a tecnologia ainda tem um custo considerado elevado. “Dados de fornecedores apontam um preço final de uma solução de armazenamento turn-key na faixa de R$ 4.500/kWh no Brasil em 2020, tanto para soluções residenciais quanto comerciais”, informou a EPE.

Em termos internacionais, o estudo de Schmidt et al. (Projecting the Future Levelized Cost of Electricity Storage Technologies 2019) aponta uma queda no capex de baterias de íon-lítio de 8,3% a.a. entre 2020 e 2030. Considerando um preço atual de R$ 4.500/kWh, e uma redução anual de 8,3% no preço estimado pela Schmidt et al, se estima um preço na faixa de R$ 2.000/kWh em 2030.

A EPE analisou diversas aplicações do uso de bateria, porém todas se mostram caras. Para aplicação de baterias em substituição à geração a diesel por consumidores brasileiro A-4 para evitar a tarifa de ponta só seria viável se a tecnologia custasse próximo a R$ 500/kWh.

No entanto, se analisar exclusivamente a opção de baterias para o atendimento do horário de ponta de consumidores, enxerga-se viabilidade econômica no horizonte decenal para consumidores com alto fator de carga na ponta. Resultados mostram que para consumidores com alto consumo na ponta, frente à demanda máxima no período, pode ser viável a instalação de baterias abaixo de R$ 3.500/kWh.

Atualmente, não há regulação específica no Brasil para o uso de baterias com injeção na rede. Porém, nada impede o consumidor utilize o equipamento para fazer a gestão interna do seu consumo e geração.

A EPE também destacou que a regulação vigente para micro e minigeração distribuída no cenário nacional não incentiva o armazenamento da geração. “É como se a rede funcionasse como uma bateria para o gerador.”

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 9 de setembro, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e EPE e fazem parte dos estudos do PDE 2030. O documento serve para indicar tendências de mercado e apoiar o planejamento energético do setor elétrico brasileiro.