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A pandemia da Covid-19 restringiu investimentos em quase todos os setores da economia, exceto por algumas áreas como energias renováveis, agronegócio e alimentos, que vêm avançando devido à sua importância estratégica para o país nesse momento.
No Paraná, as empresas que formam o Complexo Eólico Palmas II comemoraram nesta semana a obtenção da renovação da licença ambiental prévia do governo estadual para o empreendimento, concedida pelo Instituto Água e Terra, além de outra notícia vinda de Santa Catarina.
É que a Celesc anunciou que irá realizar um aporte na rede de transmissão do oeste catarinense, em especial para a construção de uma subestação na cidade de Abelardo Luz, o que irá aliviar a rede elétrica dos arredores, visto que muitas PCHs catarinenses tinham que fazer conexão pela subestação de Palmas (PR).
“Esse anúncio é uma benção, pois as PCHs estavam atrapalhando e sobrecarregando a conexão na subestação de Palmas”, comemora Ivo Pugnaloni, presidente da Enerbios, que lidera a iniciativa junto às parceiras Innovent, Cia Ambiental e Ivan Gilioli.
Outro ponto celebrado é que agora os 200 MW previstos para a geração dos sete parques que irão compor o complexo poderão ser escoados pelo município de Palmas e não por Bituruna, três vezes mais longe, o que reduzirá perdas e custos de investimento nos dois estados.
Apesar das boas notícias, o executivo comentou que o sistema elétrico ainda é muito aquém para uma localidade que vem crescendo, sendo preciso atrair mais investimentos da iniciativa privada para construção de linhas e subestações para as regiões mais afastadas dos centros urbanos, mas que ficam próximas dos pontos de produção de energia a partir de fontes renováveis.
“No próximo ano não está previsto nenhum leilão para essa região, que é de grande progresso, concentrando parte significativa da indústria de carne suína e de aves no Brasil”, ressalta.
Segundo Pugnaloni, a conexão das eólicas em Palmas vai reforçar a confiabilidade de toda rede do oeste e sudoeste paranaense e do oeste catarinense, ajudando também a regular a tensão aos consumidores finais e na implantação do programa Paraná Trifásico, estratégia do governo para melhorar o desempenho comercial da avicultura e suinocultura.
Impasse – Com investimento superior a R$ 1 bilhão, Palmas II inicia agora o processo para atendimento das exigências da Licença de Instalação, com todas áreas já arrendadas. O cronograma do projeto já foi adiado várias vezes, lembra o presidente da Enerbios, devido a sequência de fatos da economia e do mercado de fabricação de equipamentos frente à pandemia, mas a previsão é de concluir os trabalhos até o primeiro trimestre de 2022.
No entanto o projeto vive um impasse por conta da saída de linha dos aerogeradores de 2 MW, que não são mais fabricados e que eram previstos para as usinas do complexo. “Nossas 100 torres de 120 metros foram projetadas para turbinas de 2 MW e agora temos que adaptar para a disponibilidade de mercado, de 4 MW, 5 MW e 6 MW”, destaca Ivo.
De acordo com o executivo, o processo está sendo analisado pelos três grupos de investidores e os seis fabricantes e fornecedores dos equipamentos, para então ser tomada a estratégia mais pertinente.
Outra decisão é se os 200 MW produzidos irão se interligar totalmente no município de Palmas, visto que a capacidade ociosa da região é de apenas 60 MW. “É uma questão que tem que ser decidida junto aos investidores. Esperar mais um tempo e economizar, ou gastar um pouco mais agora e começar a gerar para faturar antes? Esse é o balanço que está sendo feito”, analisa.
Sobre a comercialização da energia, Ivo Pugnaloni indica que há pelo menos uma turbina com a predisposição de dois grupos em investir em geração distribuída, até como um fator de inovação, de ter uma eólica produzindo energia nessa modalidade.
Mas o consórcio formado também está atento aos baixos preços de custo de compra de energia eólica nos leilões regulados, vide o recente levantamento da CCEE, sabendo que o mercado livre expandiu 40% nos últimos seis meses, movimento maior que o da energia solar.