A agência de classificação de risco Moody’s elevou os ratings da Eletrobras de Ba3 para Ba2. Essa ação inclui a dívida sênior sem garantia e o rating corporativo da empresa. Simultaneamente, realizou um upgrade na avaliação de crédito de referência (BCA) da empresa de b1 para ba3. A perspectiva para todos os ratings foi alterada de positiva para estável.
De acordo com a Moody’s, a atualização do BCA da Eletrobras para ba3 reflete a melhoria do perfil de crédito da empresa após suas iniciativas de reestruturação de negócios implementadas desde 2016, permitindo que a empresa retome uma trajetória de investimento para sustentar sua posição dominante no mercado de eletricidade brasileiro.
“Os ratings consideram uma maior visibilidade na estratégia de investimento da empresa, conforme destacado em seu plano de negócios de longo prazo divulgado em agosto, com o compromisso da administração com uma abordagem com disciplina financeira, onde a alavancagem líquida consolidada para o Ebitda reportado permanece abaixo de 2,5 vezes em diferentes cenários. O upgrade também incorpora as importantes melhorias na posição de liquidez da empresa, decorrentes da conclusão de iniciativas de gestão de passivos que estendeu o perfil de vencimento da dívida”, descreveu a agência.
Além disso, destacou em seu relatório que os efeitos regulatórios recentes sobre ativos de transmissão contribuirão ainda mais para métricas de crédito mais fortes por meio da geração de caixa incremental de cerca de R$ 3 bilhões por ano até 2024.
Mas lembrou ainda que o perfil de crédito individual da Eletrobras permanece limitado pelo montante significativo de passivos pendentes e riscos de execução associados a Angra 3. São cerca de R$ 14 bilhões, 43% do orçamento total de investimentos até 2024 destinados à conclusão do projeto, que está paralisado desde 2015. Citou que a estatal comprometeu R$ 3,5 bilhões de recursos patrimoniais para a recuperação das obras no próximo ano, mas os estudos de viabilidade, renegociações de contratos e liquidação financeira ainda estão pendentes. Em sua análise, o processo de contratação de um novo consórcio de engenharia para concluir este projeto até 2026 pode se traduzir em custos mais elevados e atrasar ainda mais a conclusão do projeto, o que não está totalmente refletido no cenário do rating.
A Moody’s classificou que a posição de liquidez da Eletrobras melhorou significativamente. Em 30 de junho, a empresa relatou R$ 14,7 bilhões em e caixa de curto prazo e equivalentes de caixa que se comparam a R$ 15,5 bilhões em obrigações de dívida até dezembro de 2021. Cerca de 38% da dívida em aberto vence em 2025 ou depois. “A Moody’s espera que a geração de caixa da empresa cubra as obrigações de caixa e os gastos de capital de manutenção de seus ativos existentes nos próximos 12 a 18 meses” apontou.
Outro fator relacionado à nota da Eletrobras é que a empresa é um emissor relacionado ao governo. O rating Ba2 da Eletrobras leva em consideração a aplicação da Análise de Inadimplência Conjunta da Moody’s, que resulta em um aumento de um grau em relação ao seu perfil de crédito independente. Essa estrutura, continuou, incorpora premissas de alta interdependência com o Governo do Brasil (Ba2 estável), o acionista controlador e um nível moderado de suporte.
“A opinião da Moody’s sobre o suporte considera os esforços de consolidação fiscal do Brasil e as restrições orçamentárias potenciais, que podem impedir o suporte financeiro oportuno caso a Eletrobras enfrente uma crise financeira. No entanto, esperamos que algum nível de apoio do governo federal ainda esteja próximo devido à relevância da empresa como a principal empresa de eletricidade do Brasil – responsável por 30% da capacidade de geração do país e 45% das linhas de transmissão instaladas – e estratégica posição para o desenvolvimento regional e econômico. Historicamente, a evidência de apoio do soberano tem sido na forma de transferências de dinheiro para aumento de patrimônio, diferimento de pagamentos de dividendos, garantias de dívida e empréstimos concedidos por bancos públicos”, apontou.
Quanto ao plano do governo de reduzir sua participação na Eletrobras, acredita essa capitalização melhoraria a lucratividade da corporação com base na precificação de certos contratos de geração e redução da exposição ao projeto Angra 3. No entanto, lembrou que os termos e condições deste plano de capitalização permanecem obscuros e sujeitos a um complexo processo de aprovação política. Portanto, esse fato não está incorporado na nota atribuída.