Após anunciar na última semana o preço mínimo de R$ 1,4 bilhão para venda do seu braço de telecomunicações, a elétrica Copel tem visto grande interesse por parte das operadoras tradicionais desse mercado no país, mesmo com a operação de alienação da Oi Fixa e Móvel e da Tim em andamento. Segundo o presidente da companhia, Daniel Slaviero, que esteve presente em uma reunião organizada pela Apimec-SP nessa terça-feira, 22 de setembro, o data room da privatização da Telecom já consta com mais de treze empresas cadastradas para análises mais específicas do negócio e a expectativa é que esse número chegue a 18 ou 20.
“Quantas vão chegar a bidar é difícil estimar, mas nossa equipe técnica respondeu mais de 500 perguntas enviadas, um bom sinal no nosso ponto de vista”, comenta o executivo, citando também a possibilidade da participação de operadores de infraestrutura, que podem se consorciar com outras empresas no certame.
Para Slaviero, o preço mínimo do leilão, marcado para 9 de novembro na B3, foi uma surpresa muito positiva para a Copel e o mercado em geral, visto que os bancos e casas de análises estavam com números de valuation entre R$ 500 a R$ 800 milhões para o ativo que pode gerar considerável valor para um agente privado, que irá pegar 36 mil quilômetros de cabos e 200 mil clientes com infraestrutura já montada.
“O momento é muito bom, além de ser um negócio potencial atrativo não só para o 5G, mas para a transmissão de dados e internet atualmente, ainda mais com as necessidades impostas pela pandemia”, analisa.
Brownfield e Solar – Slaviero ressalta que o foco da empresa atualmente recai em identificar bons projetos num mercado com opções variadas, mas seguindo uma agenda ativa para angariar recursos ao core business de Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização. Nesse ponto ele destaca a preferência pelos ativos do tipo brownfield e que tenham sinergia com a estrutura atual da companhia.
“Temos visto que as renováveis são os ativos sexys no mercado. Estamos com algumas conversas e acompanhando alguns processos de investimentos, mas o que podemos adiantar é que temos que romper a barreira da fonte solar”, complementa Daniel, sem deixar de lado os leilões tradicionais, principalmente com linhas de transmissão em estados próximos, onde a empresa tem bases estabelecidas.
GSF – Quanto a pauta GSF, que entrou hoje em Consulta Pública pela Aneel, o presidente afirma que tem participado do debate e que aproveitou o lançamento do programa de redes inteligentes na semana passada para conversar ainda mais com os diretores da Agência presentes na inauguração, entre eles André Pepitone e Efrain Cruz.
Além de analisar os cálculos em linha com o prejuízo e extensão do prazo das concessões, o executivo entende que as empresas devem ter a prerrogativa de decidir onde alocar suas expansões. “Um ponto importante é a possibilidade de usar essas extensões em qualquer usina do núcleo econômico e ter confiança jurídica nisso, pois não queremos deixar de cumprir o prazo de alienação do controle da UHE Foz de Areia, para executar isso até o ano que vem”, comenta.
O plano de privatização da maior usina da companhia, cuja concessão vai até setembro de 2023, está mantido no planejamento estratégico, cabendo agora discutir o valor estimado para renovação da outorga.
“Pelos nossos cálculos essa é a melhor saída. A Cemig teve quatro usinas no leilão, perdendo 3 para os chineses e uma para os franceses, grupos globais que captam negócios em moeda estrangeira e situações vantajosas. No momento que aparece esse decreto, traz mais ganho do que ficar com a usina até o fim e podendo perdê-la”, pondera.
Compagas – Sobre a venda da companhia de gás, o dirigente enxerga a definição de alienação da Gaspetro, que era para ser fechada em dezembro e talvez aconteça ano que vem, como fator importante, visto ela possuir 24,5% das ações da Compagas e a Copel ter direito de preferência.
Por outro lado, a empresa tem o desafio próprio que é a renovação de sua concessão. Feito esses dois movimentos, ele estima para até metade do ano que vem a definição do processo e se a companhia vai elevar a sua participação em relação aos 51% atuais. “A abertura desse mercado é inexorável, agora quanto tempo vai levar para se consolidar sem a presença dominante da Petrobras é uma dúvida”, finaliza.