Coordenada e holística, é assim que deve caminhar a modernização do setor elétrico. No Fórum de CEOs do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico realizado nesta quinta-feira, 1º de outubro, Miguel Setas, CEO da EDP no Brasil, classificou a abertura de mercado como um dos pilares dessa modernização e que ela também será forçada pela tecnologia, com o modelo das distribuidoras tendo que ser redesenhado. “Essa distribuidora vai ser alguém que vai operar localmente sistemas de forma articulada, ela tem que ter uma quadro regulatório diferente”, afirma.
Mario Ruiz-Tagle, CEO da Neoenergia, também quer uma abertura holística e reforçou a necessidade da separação da distribuição e da comercialização de energia. Para ele, os investimentos em tecnologia deverão ser vultosos na modernização, principalmente na medição em um mercado liberalizado para o cliente residencial. Tagle alertou ainda para as assimetrias provocadas pela não abertura, o que a faz mais urgente. Para o executivo, o funcionamento da CP 33 será uma missão ambiciosa. “Precisa de ousadia para colocá-la em funcionamento em tempo contemporâneo”, aponta. Ele classificou a entrada do preço horário como fundamental, por ele ser responsável para incorporação de tecnologias como a aplicação de baterias ou usinas reversíveis.
A confiabilidade e a flexibilidade ao menor custo ponderado é o que define a modernização para Andrew Storfer, CEO da América Energia. Segundo ele, a adoção do preço horário foi um passo importante na modernização e o próximo deve ser a separação da confiabilidade da energia, para que haja fluidez no mercado. Storfer alerta ainda para o custo da transição, uma vez que se ninguém os estimar, mais demorada será a abertura e com possíveis problemas. “Esse custo deve ser estimado e depois definindo quem vai pagá-lo”, explica. Sobre o preço horário, Storfer vê um momento de expectativa para a sua aplicação, prevista para 2021 e um descolamento só a partir de 2023.
A Geração Distribuída foi classificada como um negócio inevitável pelos executivos. Segundo Setas, hoje ela já supera a geração solar centralizada, o que justifica a entrada nessa seara. “Não faz sentido não estar em um segmento desses”. Apesar disso, ele admite que esse movimento pressiona a distribuidora. “Temos consciência dessa canibalização, mas se nós não fizermos, alguém vai fazer por nós”, observa. Setas lembrou ainda que a cadeia industrial da GD no país também poderá se beneficiar do incremento da atividade, assim como foi com a fonte eólica.
Para o CEO da Neoenergia, que por meio da subsidiária NC, também atua nessa área, a GD hoje é uma tendência mundial de uso de abertura limpa e está ligada a distribuição do futuro. Porém há questões que ainda precisam ser aprimoradas, como o balanceamento dos custos da geração e da distribuição. Segundo ele, não é justo que apenas alguns consumidores arquem com os custos da rede da distribuidora, que ele considera e espinha dorsal do sistema de ponto de vista financeiro e elétrico.