O Brasil segue como o segundo país que mais emprega em energias renováveis. Se os números de todos os países do bloco europeu forem somados, ainda assim o Brasil se mantém na liderança global, ocupando o terceiro lugar. São 1,158 milhão de pessoas atuando em alguma modalidade de energia verde no Brasil em 2019 – ou 10% da força de trabalho global empregada em renováveis. Os dados são do mais recente relatório da Agência Internacional de Energia Renovável. Dos 11,5 milhões de empregos desse tipo no mundo, valor acima dos 11 milhões de 2018, 4,3 milhões estão na China, 1,316 milhões na União Europeia, 833 mil na Índia e 756 mil nos EUA, totalizando os cinco maiores empregadores globais do setor.

No grupo dos maiores empregadores, apenas os Estados Unidos perderam postos de trabalho – quase 100 mil empregos foram suprimidos lá entre 2018 e 2019. O Brasil acrescentou cerca de 30 mil no mesmo período; a União Europeia adicionou 80 mil; a Índia pouco mais de 100 mil; e a China 300 mil.

A energia solar fotovoltaica, que contava com 15 mil empregados no Brasil em 2018, saltou para 44 mil em 2019. Com isso o Brasil, que sequer aparecia no ranking dos que mais empregavam na modalidade no último relatório, passou a ocupar o 8º lugar entre os maiores empregadores do setor, atrás de China –  com 2,2 milhões de funcionários –  Japão, EUA, Índia, Bangladesh, Vietnã e Malásia, e à frente da Alemanha e das Filipinas. Segundo a IRENA, as vagas de trabalho no setor de energia solar fotovoltaica cresceram 4% no mundo no último ano, acumulando 3,8 milhões de empregos.

O segmento solar fotovoltaico distribuído gerou 85% desses empregos. De acordo com o relatório, mais da metade de todas as instalações de energia solar fotovoltaica, e, portanto, muitos empregos nessa área, estão concentrados em quatro estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. O documento avalia que a expansão da capacidade de fabricação de painéis fotovoltaicos no Brasil está sendo impulsionada pela atração de fabricantes chineses e por linhas de financiamento específicas do Banco Nacional de Desenvolvimento e bancos de desenvolvimento regionais. O aquecimento solar – diferente da energia solar por usar a luz natural apenas para aquecer a água – teve retração de empregos na China e nos EUA, mas cresceu no Brasil e na Índia. Após um declínio de três anos consecutivos, esse mercado de trabalho cresceu 6% no Brasil em 2019, totalizando 43,9 mil empregos, quase o mesmo percentual da energia fotovoltaica.

Apesar do crescimento em fotovoltaica, os biocombustíveis permanecem como os principais responsáveis pela posição do Brasil no ranking de geração de empregos da Irena, com 839 mil trabalhadores – ligeiramente acima dos 832 mil de 2018. Cerca de 200 mil empregos estão no cultivo de cana-de-açúcar, mais de 150 mil no processamento de etanol e aproximadamente 260 mil na produção de biodiesel. O relatório também inclui uma estimativa aproximada de 200 mil empregos indiretos na fabricação de equipamentos. O documento destaca ainda que a produção brasileira de etanol combustível é impulsionada por incentivos fiscais e pela obrigatoriedade de 27% de teor de etanol na gasolina.

Os biocombustíveis são a segunda maior fonte de emprego em energias renováveis do mundo, com 2,4 milhões de vagas, perdendo apenas para energia solar fotovoltaica, com 3,7 milhões. O crescimento de 2% do etanol e de 13% do biodiesel em 2019 fez com que os empregos em biocombustíveis se expandissem neste último levantamento. Os maiores crescimentos foram registrados em Brasil, Colômbia, Malásia, Filipinas e Tailândia. As hidrelétricas são o segundo setor renovável que mais emprega no Brasil, com 213 mil contratados. O Brasil tem a terceira maior força de trabalho nessa área, com 11% dos trabalhadores globais, atrás apenas dos chineses e indianos.

A energia eólica, segunda maior fonte de energia elétrica do Brasil, atrás apenas da hidrelétrica, responde por 19 mil postos de trabalho no Brasil, abaixo dos 34 mil do ano de 2018. Mesmo com a queda, o Brasil ainda está entre os 10 que mais empregam no mundo nesse segmento, atrás de China, Alemanha, EUA, Índia, Reino Unido, Dinamarca, México, Espanha e Filipinas. O relatório avalia que, antes do início da pandemia de COVID-19, havia a expectativa de que o emprego no setor se expandisse devido às instalações já planejadas.

Cerca de 80% desse mercado está no Nordeste, que tem as melhores condições de vento. O relatório indica que requisitos de conteúdo local e empréstimos subsidiados para desenvolvedores de projetos fortaleceram a cadeia de abastecimento doméstico. Isso teve impacto elevado para a produção de torres e efeito mais moderado na fabricação de turbinas. O conteúdo doméstico no setor eólico brasileiro atualmente está estimado em 80%.