A Eletrobras considera viável a continuidade das obras da central termonuclear de Angra 3, cujas atividades no canteiro estão paralisadas desde 2015. Para terminar a construção são estimados mais R$ 13 bilhões. Segundo o presidente da holding, Wilson Ferreira Júnior, a companhia investindo mais R$ 3,5 bilhões levaria o índice de conclusão da usina a 70% e aí viria a licitação internacional para a montagem eletromecânica. Além disso, a empresa sendo privatizada seria um operador viável para todo o conjunto de plantas localizadas em Angra dos Reis (RJ).
Ferreira Júnior destacou a viabilidade e importância da usina, cujo projeto ainda data da década de 1980. Tem localização estratégica e capacidade de operar na base para atender as três maiores cidades do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
O arranjo societário que envolve a capitalização da Eletrobras aparentemente não parece um problema. Ferreira Junior, destacou que o governo sendo o acionista majoritário e a Eletrobras minoritária na Eletronuclear seria uma saída para essa questão. Mas um problema que ainda precisa ser avaliado é o da forma de contratação da energia de Angra 3, que no contrato atual está como energia de reserva. Ou seja, acaba deslocando a energia hidrelétrica e assim aumenta o indicador do GSF.
Para o executivo, que participou nesta sexta-feira, 2 de outubro, da edição 2020 do Enase, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia-Informa Markets, a questão do GSF deverá ser endereçado pelo governo, uma vez que o PL que deu origem à lei 14.052 e está em regulamentação na Aneel trata apenas do passado e não do futuro. “Esse deverá ser o próximo passo a tratar”, comentou ele a jornalistas em coletiva realizada virtualmente. Contudo, lembrou que a descotização das usinas hidrelétricas e a revisão das garantias físicas são dois pontos que devem ser alvo de medidas já que também influenciam diretamente no MRE. “Tenho certeza que o governo não tem interesse em agravar a situação do GSF”, avaliou.
Segundo dados da CCEE, a usina de Angra 3 contratada como energia de reserva ajudaria a elevar o índice do GSF em 5% em média. O cálculo foi apresentado pela entidade na edição do Enase de 2019 e agora foi relembrado pelo presidente do conselho de administração Rui Altieri. Em sua análise a entrada da central termonuclear precisaria ter alterada a sua forma de contratação.