O economista Maílson da Nóbrega, defendeu nesta sexta-feira, 2 de outubro, a privatização de empresas em painel sobre o processo de capitalização da Eletrobras durante o Enase 2020. Para o ex-ministro da Fazenda, transformar a elétrica em uma corporation só traz vantagens ao país.
Ele citou entre outros pontos a possibilidade de ser uma empresa mais ágil e sem o peso do governo, perspectiva de ter capacidade de atrair e reter talentos do mercado e a redução de uma volatilidade administrativa em relação à suscetibilidade de nomeação de uma diretoria por indicação política.
“Não é toda a hora que a Eletrobras tem um Wilson [Ferreira Júnior, presidente da estatal], pode ser um indicado político que não conhece o setor e fazer bobagens à frente da empresa”, comentou ele, que ressaltou a possibilidade de que a elétrica sendo privada ganha mais capacidade de investimentos. Em uma enquete sobre a privatização da Eletrobras feita com participantes do Enase, 70% apontou que o tema é muito importante para o país.
O presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, considerou o índice de 70% como um bom número na pesquisa feita. E ainda brincou que se excluir os concorrentes o indicador poderia ser mais elevado. “Creio que há competidores nosso aí e que estariam mais confortáveis sem a gente na concorrência no mercado”, disse ele. Até porque, destacou que a Eletrobras, apesar dos números operacionais recuperados ante o que apresentava no passado, ainda não possui capacidade de investimento ao ponto de manter sua participação de mercado. Para isso, precisa aumentar o volume de aportes que está na casa de R$ 3,5 bilhões ao ano. Se mantiver esse volume perde seu market share.
“Atualmente estamos subcapacitados, com a capitalização teríamos mais capacidade financeira, poderíamos atrair e reter talentos, investir em soluções inovadoras… a perspectiva é de fato muito boa”, defendeu.
O economista corroborou essa afirmação. “O melhor para a concorrência é ter a Eletrobras estatal, sem dúvida. Com a privatização aumenta a concorrência no mercado e perdem o conforto de contar com as ineficiência que um controle estatal impõe à empresa”, reforçou.
Na sua avaliação, a capitalização é o caminho correto porque em ambiente de taxa de juros baixa como as atualmente vistas no Brasil – e no mundo no geral – o caminho para o financiamento das empresas está no mercado de capitais. São fundos de investimentos, family offices que buscam rentabilizar seus recursos e que encontram no mercado corporativo essa forma, pois no financeiro o retorno em cenário de taxas baixas chega a ser até negativo.
No Brasil, lembrou o financiamento via mercado de capitais está em 25%, para efeitos de comparação, destacou ele, o índice nos Estados Unidos é de 80%.