Uma homenagem aos 20 anos da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa encerrou a edição 2020 do Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico, após quatro dias de intensos debates virtuais. A importância da fonte foi destacada por autoridades do setor, entre elas o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que falou sobre o potencial de construção de pequenas centrais hidrelétricas e de hidrelétricas de médio porte no universo do planejamento decenal.

“Além das mais de 400 PCHs em operação, outras 600 tem projetos já concluídos, cuja implantação poderá captar mais de R$ 60 bilhões em investimentos e contribuir significativamente para a retomada da economia, gerado emprego e renda”, disse Albuquerque. Ele observou que o Plano Decenal de Energia 2029 traz expectativa de investimentos da ordem de R$ 450 bilhões, que situarão o Brasil como um dos países com a matriz elétrica mais limpa do mundo. Já o Plano Nacional de Energia 2050, que está em consulta pública, indica que para sustentar o crescimento o país precisará criar condições de atendimento a uma demanda por eletricidade três vezes maior que a atual.

O painel especial foi aberto pelo presidente executivo da Abragel, Charles Lenzi, que falou da trajetória da entidade, desde sua criação em 2000 com o nome de APMPE. A associação passou de oito empresas fundadoras há duas décadas para 283 associadas, com quase 24 mil MW de projetos de PCHs e de centrais geradoras hidrelétricas (CGHs) instalados.

O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, lembrou que há 20 anos os principais pilares do setor elétrico já tinha sido criados e começavam a tomar corpo as principais instituições que o representam. Ele contou que quando assumiu a diretoria-geral em 2018 foi alertado pela Abragel sobre a necessidade de desburocratizar os processos de outorga de PCHs, tratar da questão do pagamento pelo Uso do Bem Público , além de uma solução para o Mecanismo de Realocação de Energia. Desse pontos, disse, apenas o MRE ainda esta em discussão.

O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Rui Altieri, reconheceu que em sua convivência com representantes da associação sempre tratou de temas difíceis, mas importantes para o setor. Altieri disse que as PCHs terão uma janela de oportunidade com a entrada do preço horário a partir de janeiro de 2021, por serem uma fonte despachável. “É uma oportunidade de ouro para vocês se diferenciarem ainda mais das demais fontes e darem um salto de qualidade”, aconselhou.

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que nesses 20 anos vários desafios foram vencidos, e que é preciso olhar, além de requisitos como a proximidade do consumo, o impacto social que as pequenas hidrelétricas trazem para as populações locais.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral, as associações passaram a ter um papel cada vez mais relevante na conciliação e na construção de consensos no setor, além de ajudarem no controle de qualidade dos diagnósticos e das decisões. Em sua avaliação, a Abragel conseguiu preencher requisitos para exercer bem o seu papel, que são a convergência dos interesse dos associados, a capacidade de diálogo e de ponderação e uma convivência ética e respeitosa com as outras organizações.

O presidente do Conselho de Administração da Abragel, Ricardo Pigatto, recordou que a entidade foi bem recebida por todas as outras organizações empresariais do setor existentes na época de sua criação. Rodrigo Ferreira, Publisher do Grupo CanalEnergia/Informa Markets, relatou que a associação e o portal nasceram juntos no ano 2000, em um momento de grandes transformações, com a criação da Aneel e do Mercado Atacadista de Energia, hoje CCEE. Nesse período as duas organizações estiveram muito próximas, assim como acontece com as demais associações do setor, não apenas no Enase, mas em outros eventos, disse Ferreira.