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Colocando-se a favor do conteúdo da MP 998, principalmente na parte do fim de subsídios, a Mercurio Comercializadora pede atenção para o ritmo em que esses subsídios serão reduzidos, de modo a não afetar os pequenos consumidores e a oferta e a demanda. De acordo com o Diretor de Preço e Regulação da comercializadora, Eduardo Faria, como há consumidores que só podem migrar comprando energia de fontes incentivadas e outros que ao fim dos seus contratos terão que recontratar energia, pode haver escassez ou variação no preço do insumo. “A abertura do mercado deve ser pari passu com o fim do subsídio, para que o consumidor pequeno não seja obrigado a comprar energia incentivada, para evitar custos para ele”, afirma.

Eduardo Miranda, Diretor de Novos Negócios da Mercurio, lembra que 80% da indústria já está no ACL  e quem está migrando agora são pequenos e médios consumidores que experimentaram comprar uma energia mais competitiva que no ambiente cativo. Segundo ele, a comercializadora tem acompanhado com seus clientes essa questão da abertura e da oferta e procurado estender os contratos.  “Os que estão precisando renovar os contratos já têm se mostrado mais favoráveis para um alongamento do contrato para sete anos, talvez seja um aspecto positivo”, comenta.

O diretor de novos negócios conta ainda que verificou um aumento por parte dos geradores sobre estruturação para projetos renováveis no mercado livre. O PPA renovável não era comum no ACL, mas tem mostrado fôlego, pelo potencial de expansão do mercado livre. “Temos trabalhado com geradores para estruturar PPAs de médio e longo prazo, com estratégias de financiamento. Há muito interesse do gerador em resolver a parte do financiamento junto com a comercializadora ou com o comercializador estruturador, esse é o novo perfil que a gente tem percebido”, observa Miranda.

Para Faria, a caducidade da MP 998 seria um anticlímax para o setor, mesmo assim ele ressalta que muito do conteúdo apresentado está presente em outros projetos no Congresso Nacional . “A gente espera que o legislativo tenha um pouco de carinho com nosso setor e ponha para frente esses pontos principais”, comenta. A Mercurio também tem nos seus quadros profissionais egressos das maiores geradores térmicas do país.

Considerando a abertura de mercado um caminho sem volta, Miranda vê o consumidor que chega agora ao ACL mais empoderado que o tradicional. Esse novo consumidor já chega sob o signo da modernidade. “A  gente está na era da tecnologia, vai ter o consumo de energia mais como um serviço que como um produto”, aponta.

A comercializadora é sócia da TYR Energia, que começou com foco em condomínios comerciais, mas agora já se expande para outros consumidores que serão potencialmente livres em 2024. “Estamos muito atentos. A aposta é em ampliar esse mercado hoje”, avisa Miranda, que também mira na chance de oferecer serviços a esses clientes. A outra sócia, a Green Ant, traz o componente tecnológico, por meio de um algoritmo que lê correntes elétricas e avalia o perfil energético do cliente, dando inteligência ao seu consumo.