A parcela de mulheres que consegue atingir o posto de liderança ainda é bem inferior do que a dos homens no mercado de trabalho como um todo, mas essa diferença se acentua ainda mais em setores mais técnicos como o setor energético, aponta pesquisa realizada pela Wyser, consultoria especializada em recolocação de executivos para média e alta gerência do grupo multinacional de RH, Gi Group.

O levantamento foi realizado entre 60 mulheres em cargos de supervisoras, coordenadoras e gerentes de áreas técnicas, na faixa etária de 20 a 50 anos, de grandes empresas de quatro setores – indústria automotiva, metais e mineração, petróleo e energia e bens de consumo. Quanto à formação das executivas, 75% são engenheiras, o que mostra que este é um requisito importante para assumir a posição de head em áreas técnicas, 25% administradoras de empresa e 5% com graduação em outras áreas.

Do total de entrevistadas somente 39% relataram ser comum ter mulheres em cargos de comando nas empresas para as quais trabalham. O segmento de petróleo e energia apresentou o pior indicador, com apenas 20% das respostas indicando que é comum ver mulheres neste posto na empresa, seguido de setor automotivo com 30%. Já o setor de bens de consumo apresenta um percentual melhor com 55% das entrevistadas respondendo ser comum ter cargos mais altos ocupados por mulheres em áreas técnicas.

“Constatamos que quanto mais ‘engenheiradas’ são as empresas, maior é o grau de dificuldade das mulheres de encontrar oportunidades para ascender profissionalmente”, afirma Carolina Soares, gerente da filial do Rio de Janeiro da Wyser e autora da pesquisa. “Quando olhamos para áreas técnicas como produção, manutenção, logística e outras que são predominantemente ocupadas por homens, torna-se ainda mais desafiador atingir os indicadores de equidade de gênero”.

O levantamento apontou ainda que 79% das entrevistadas alegaram não existir nenhum programa de diversidade e inclusão na empresa em que atuam ou há projetos ainda muito embrionários. Neste quesito, novamente o setor de bens de consumo apresentou os melhores indicadores, com 37% das respostas confirmando a existência de um programa robusto de diversidade nas empresas em que trabalham. Em segundo lugar está o segmento de metais e mineração, com 22% das afirmações indicando iniciativas mais estruturadas para o tema. Enquanto no setor de petróleo e energia esse percentual cai para 7%.

Potencial para inovar – Segundo Carolina, a desigualdade de gênero nesses setores está associada a barreiras estruturais. Dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) de 2017 mostram que nos 20 cursos mais concorridos, entre eles os de engenharia, o percentual de mulheres corresponde a um pouco mais de 25% do total de alunos. Estima-se que a presença minoritária das mulheres nesses cursos se deve à questão cultural, já que os meninos são desde cedo mais incentivados a estudar engenharia do que as meninas.

Apesar dos paradigmas e desafios do mercado, 90% das executivas relatam que se sentem ouvidas e respeitadas em suas posições, o que comprova a sua capacidade de atingir as expectativas e conquistar a confiança da equipe. E 87% das entrevistadas dizem que estão abertas a novos desafios e oportunidades de desenvolvimento. Assim, com o advento da Economia 4.0 e os processos cada vez mais automatizados, as empresas precisarão criar um ambiente favorável para gerar novos talentos e desenvolver carreira das profissionais com potencial, para que elas se sintam cada vez mais reconhecidas e valorizadas, e com isso, possam gerar inovação e competitividade que tanto precisam.

Empresas premiadas no Great Place to Work Mulher 2019 tiveram um aumento de 12,2% no faturamento em relação às outras, o que significa que investir na carreira das mulheres, através de políticas inclusivas, impacta positivamente não só na sociedade, como também no resultado financeiro das empresas.