A Cemig investiu R$ 72 milhões em um complexo chamado Compensador Estático (CER1) para ser utilizado na subestação Bom Despacho 3, localizada no município de Bom Despacho, no centro-oeste mineiro. O equipamento está conectado ao Sistema Interligado Nacional, com range de potência de 500MVAr, e objetiva principalmente a injeção e absorção de potência reativa em momentos de oscilações no sistema de forma rápida, amortecendo as variações de tensão e melhorando a qualidade da energia.

Devido à sua importância para geração de receita, a concessionária começou a implementar em 2019  uma série de ações corretivas e melhorias no complexo, a partir de estudos realizados por um grupo de empregados da Gerência de Ativos de Transmissão Triângulo (AT/TR). Após o projeto, o complexo ultrapassou a marca de 500 dias em funcionamento sem ocorrências e hoje é referência em desempenho.

Segundo a companhia, o CER1 gera anualmente R$ 11 milhões de receita. Devido ao alto valor, são contabilizados aproximadamente R$ 190 mil de perda (parcela variável) para cada hora de indisponibilidade não programada do complexo. Entre os anos de 2015 e 2019, foram contabilizados mais de R$ 8 milhões em perdas, ocasionadas por 24 desligamentos do equipamento.

Inteligência artificial – Na primeira etapa do projeto, um aplicativo de machine learning foi desenvolvido para tomar decisões e realizar cálculos complexos e volumosos para o perfeito equilíbrio das unidades capacitivas. “Dessa forma, reduzimos o tempo desprendido nesses cálculos, bem como a corrente de desequilíbrio e, consequentemente, o número de falhas no complexo”, explica o engenheiro especialista em Proteção, Controle e Automação da Cemig, Giovani Cougo.

Já na segunda fase foi realizada a modelagem completa por meio de simulações computacionais, o que evidenciou a necessidade de mudança da estratégia do sistema de controle. “Implementamos a alteração evidenciando a redução do número de chaveamento dos bancos de capacitores em mais de 80 vezes. Foi verificado também que, mesmo após a modificação da estratégia de trabalho do CER1, a robustez de sua atuação perante curto-circuito foi mantida” completa o engenheiro.

A terceira etapa consistiu em mais de 40 ações de melhoria, como correções, retorqueamento e substituição de cabos por outros mais adequados e robustos. Já na quarta e última etapa foi desenvolvida a documentação técnica e aplicativos de apoio na identificação de falhas, além de implementado o treinamento em campo. “Como resultado, o desconto de parcela variável pôde ser reduzido da média de R$ 4 milhões anuais para R$ 27 mil nos últimos 17 meses”, finaliza Giovani.