Os volumes globais de contratos corporativos de energia estão acima do registrado em 2019 nos últimos três meses. De acordo com a BloombergNEF, até o final de setembro já são 14,9 GW contra 19,6 GW de todo o ano passado. Na comparação com o histórico desde 2010 já é o segundo maior volume de contratos.

De acordo com Luiza Demôro, Brazil Lead Analyst and Climatescope Manager da BNEF, o Brasil é um dos destaques desse ranking, ao passo que os Estados Unidos apresentam um desempenho reduzido. E ainda há novos países entrando na lista, principalmente vindos da Ásia. O maior volume por região geográfica está nas Américas com 8 GW ao total.

“O que temos visto é um impacto da pandemia diferenciado país a país. Os volumes estão aumentado em locais por conta de queda de preços que vem tornando esses PPAs mais atrativos”, explicou a executiva em sua participação no Brazil Windpower, evento do Grupo CanalEnergia-Informa Markets, realizado em parceria com o GWEC e a ABEEólica.

Dos principais consumidores que fecharam contratos, os cinco primeiros são de empresas de tecnologia sendo que as fontes eólica e solar são as mais contratadas. De um total de 9 GW, cerca de 6,5 GW são originados dessas duas fontes, sendo a maior parte solar.

Segundo dados da BNEF, no último trimestre, os volumes de contratos de 2020 estão acima do registrado em 2019. Se continuar nesse ritmo é possível de se alcançar globalmente um novo recorde, ultrapassando os 20 GW. E as perspectivas são positivas no horizonte de médio e longo prazo. Ela lembra que atualmente são 250 empresas signatárias da iniciativa RE100, que contempla empresas que possuem metas de serem 100% renováveis até 2030.

Nesse horizonte de tempo as companhias deverão alcançar uma demanda de 224 TWh por fontes renováveis e a maioria desse volume ainda está a contratar. “Esse volume é mais do que a demanda de Argentina e Chile somadas e é a mesma do Reino Unido, e isso, é importante lembrar, representa o consumo apenas dessas 250 empresas signatárias do RE100”, destacou.

A BNEF estima que a emissão de certificados continue tendo um papel relevante nesse horizonte de tempo, mas a tendência é de que as empresas possam investir em novos projetos e até em autoprodução. E um volume significativo nas Américas com 44% do total. A visão da consultoria é de que o restante será igualmente dividido enter Europa, Ásia e a região do Pacífico.

Com esse cenário a estimativa atual é de que essas empresas levem ao investimento em plantas de geração solar e eólica que somam 90 GW, a maior parte, ou 53 GW por meio da fonte solar e o restante em eólicas.

Essa perspectiva segue a onde de redução de preços dessas duas fontes. O LCOE (custo da energia nivelado entre as fontes) já aponta a solar e a eólica mais baratas do que a geração nova por térmicas a gás em algumas regiões, inclusive no Brasil, desde o ano passado. E a tendência é de que possam alcançar valor mais baixo até mesmo usinas existentes.