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Com a chegada de novembro a convenção baseada em calendário é de que o país passa oficialmente a estar no período úmido, mesmo que na prática as chuvas possam ocorrer ou não no período. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, o mês de outubro de 2020 alcançou a marca de ser o pior para esse período dentro do histórico de 90 anos de monitoramento.

A perspectiva é de que os reservatórios no Sul e no Sudeste/Centro-Oeste encerrem novembro em 11,5% e 20% de sua capacidade armazenada, respectivamente. No Norte, o índice esperado é pouco melhor e apenas no Nordeste está acima dos 50%. Muito em função da geração de outras fontes naquele submercado, principalmente a eólica.

Segundo dados disponibilizados pelo no site do ONS e consultados pela reportagem, desde pelo menos janeiro de 2016 os reservatórios não alcançam 100% de sua capacidade de armazenamento. Naquela época, apenas o Sul estava próximo com 97,6% de energia armazenada. Acima de 90% desde então, apenas o Sul em junho de 2017 e Nordeste em maio deste ano com 91,6% da capacidade.

Evolução do nível de armazenamento mensal desde 2016. Fonte: ONS

Segundo o diretor de Planejamento, Operador Nacional do Sistema Elétrico, Alexandre Zucarato, a situação não deverá mudar consideravelmente. “Reservatório não tem enchido porque não chove. Não tem mágica, se não tivermos algumas ZCAS [zona de convergência do Atlântico Sul] durante o período úmido não tem o que fazer para armazenar água”, afirmou ele em sua participação no Brazil Windpower 2020, evento realizado esta semana pelo Grupo CanalEnergia-Informa Markets em parceria com o GWEC e a ABEEólica.

O diretor disse que é necessário ter esse fenômeno meteorológico para que o sistema consiga se recuperar. Ele destacou que os volumes poderiam estar mais baixos se não houvesse os chamados recursos energéticos que agregam MWh ao sistema, como a fonte eólica, que ajudou a reduzir a velocidade do uso dos reservatórios.

“Reservatório não tem enchido porque não chove. Não tem mágica, se não tivermos algumas ZCAS [zona de convergência do Atlântico Sul] durante o período úmido não tem o que fazer para armazenar água”, Alexandre Zucarato, do ONS

Outros recursos também vêm ajudando a segurar o uso da água nas hidrelétricas. A sazonalidade da biomassa sempre é destacada pela Unica, associação das usinas de açúcar, como um auxiliar nessa ação. De acordo com os dados de setembro, a oferta de bioeletricidade em geral para o sistema nacional foi de 20.630 GWh de janeiro a setembro deste ano, representando um aumento de 3% em relação a igual período em 2019. Volume equivalente a atender 12,3% do consumo industrial de energia elétrica do país durante todo o ano passado ou 10,7 milhões de unidades residenciais.

E ainda, representa uma geração equivalente a uma economia de 10% da energia armazenada anual sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste

Apesar disso, lembrou Zucarato, há outra questão, o uso múltiplo da água que impõe uma série de restrições a segurar água nas usinas. “Há locais onde a taxa de variação da vazão não pode ser alta, aí não temos flexibilidade para a operação”, acrescentou ele que considera existir desafios nessa operação à frente.

Apesar disso, o diretor disse que enquanto o mundo está atrás de baterias para modular a carga em períodos de variação das renováveis não controláveis, as UHEs podem desempenhar esse papel com alta flexibilidade, quando possível. “As UHEs já fazem o papel de bateria do sistema”, disse.

Para o futuro ele afirmou ainda que o país demandará mais flexibilidade para a operação, que poderia vir com reservatórios. Contudo, sem esses ativos, um caminho poderia ser a térmica flexível e aí o preço horário a partir de 2021 no âmbito comercial ajudará a precificar o custo da escassez de recursos energéticos.

Nesse sentido, a avaliação de Tiago Barros, CEO da RegE Consultoria, é de que o mercado brasileiro, com o PLD horário possa ver um aumento no volume de investimento da fonte eólica. Ele classificou esse fenômeno como um superinvestimento, ou seja, aportes em mais capacidade de geração por conta do preço horário que leve a excedentes de produção para que esses volumes adicionais sejam liquidados a PLD. Esse cenário, disse ele, poderia levar o país até mesmo a um fenômeno visto na Alemanha, o preço negativo.