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O retrato econômico e de expansão do mercado renovável direciona todas as suas atenções para o mercado livre. Em painel sobre novos modelos de negócios realizado na última quarta-feira, 29 de outubro, durante o Brazil Windpower, empresas como Casa dos Ventos e Enel Green Power revelaram que o ambiente livre vem sendo a bola da vez. De acordo com Lucas Araripe, Diretor de Projetos e Novos Negócios da Casa dos Ventos, o maior retorno está no ACL. “Hoje não se consegue enxergar projetos viáveis economicamente 100% no mercado regulado”, explica.

Nos últimos anos, a falta de certames pujantes no mercado regulados também potencializou esse incremento no ACL, em que os players viabilizavam uma parte mínima de um projeto no cativo e o restante no livre. A autoprodução foi outro modelo adotado no setor. A Casa dos Ventos nos últimos dois anos instalou 650 MW de autoprodução. Empresas de variados tamanhos podem ter acesso à energia no mesmo parque, em uma estrutura de condomínio. “Você consegue dar o mesmo benefício para a Vale e para a Vulcabrás e a Tivit”, cita Araripe.

Javier Alonso Pérez, diretor de Trading e Comercialização na Enel Brasil, conta que desde o fim de 2017 a empresa abandonou o financiamento de projetos apenas pelo mercado regulado. Os últimos leilões, com preço abaixo de R$100/MWh, serviram para balizar a decisão. Segundo ele, os últimos 800 MW viabilizados pela empresa foram todos para ACL com contratos com o cliente final. Para Perez, a atratividade dos preços prevalece.

Esse novo desenho, com a região Nordeste se transformando em um grande polo de energia renovável, faz com que no futuro a transmissão ganhe mais importância, de modo que se escoe a energia de lá para o Sudeste. De acordo com Araripe, a mudança de dinâmica causada pela expansão do mercado livre é outro fator de atenção para a região. “É algo que a gente precisa pensar, mudar o paradigma. Tem que ter algo estruturante para trazer essa energia do Nordeste”, avalia.

No painel, Alberto Büll, advogado do Ulhôa Canto, Rezende e Guerra Advogados, sugeriu que fosse desenvolvido algum tipo de leilão de teste para baterias, para que existisse alguma diretriz nesse tema. “Seria uma disrupção absurda”, comenta. Para Araripe, o ritmo de inserção das baterias no Brasil só vai  acelerar quando houver o marco regulatório, que avalie o seu valor de serviço ancilar de rampa, frequência e na transmissão. “Quanto mais  tiver uma avanço regulatório para dar o valor elétrico, tem vários modelos de negócio que acelerariam a inserção das baterias”, aponta.