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Com capilaridade nacional por meio de uma plataforma digital que une cerca de 2500 integradores de energia solar à potenciais novos consumidores da fonte, a Solfácil é uma startup criada em 2018 para oferecer linhas de financiamento que substituam a conta mensal de eletricidade por um investimento em um sistema fotovoltaico, onde parceiros executam o projeto na residência e o cliente paga em até dez anos, com juros em torno de 1%, e podendo produzir energia praticamente de graça após o período de quitação do aporte.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o fundador e CEO da fintech, Fábio Carrara, lembrou que a Geração Distribuída representou 17% de toda capacidade adicional instalada de geração no Brasil em 2019, segundo a Aneel, e diz que a grande sacada para a modalidade é permitir que o consumidor troque a despesa com energia elétrica pelos painéis solares, o que irá valorizar o imóvel e deixa-lo imune às tarifas energéticas, com taxa de juros baixa mas também com o alongamento do prazo, o qual permite que o valor da prestação mensal possa ficar até 30% inferior ao da fatura energética.

“Nosso diferencial é que julgamos que o grande risco da operação está no projeto, muito mais do que no cliente. Os bancos sabem avaliar CPF, CNPJ, e fazemos isso também, mas a questão nesse mercado é garantir que o investimento retorne com a produção de energia e economia ao longo prazo”, comenta o executivo, lembrando que as grandes instituições financeiras em geral conferem prazos em até 60 meses e agora começaram um movimento para migrar para 72 meses, vide anúncio recente do Santander.

No caso da Solfácil a solicitação do crédito é totalmente virtual e a comunicação instantânea, desde a formalização, acompanhamento da conexão ao sistema da distribuidora local e posterior assinatura eletrônica. O serviço envolve a validação do projeto além da avaliação da instalação e da capacidade de monitorar a performance dos painéis em tempo real, que em geral conferem um retorno sobre o capital aplicado dez vezes superior ao rendimento da poupança.

“O tiquete médio de quem está comprando energia solar hoje é em torno de R$ 25 mil, o que gera uma economia de R$ 300 a R$ 350 por mês ao cliente”, explica Carrara, afirmando que com a expansão da fonte solar para clientes residenciais o valor deve reduzir com a economia no consumo. Hoje o país possui 400 mil unidades consumidoras em GD solar, crescimento de 118% nos últimos 12 meses segundo dados da Associação Brasileira de energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Atualmente a solução também contempla benefícios como o seguro de instalação, que mitiga riscos para todos os agentes do negócio, estando previsto também o lançamento de novas apólices all risks para uma validade de um ano ou mais, e que cobrem desastres naturais, incêndios e outros incidentes, revela o CEO, afirmando haver parcerias com outras empresas na linha de performance para esses desenvolvimentos.

“Nosso foco é no cliente residencial, mas estamos bem próximos de lançar um seguro para a parte comercial e de PJ, e um outro para propriedades rurais. A ideia é atender a todo mercado”, define.

Expectativa do CEO é chegar em R$ 1 bi de empréstimos até 2021 com apoio da Valor Capital (arquivo pessoal)

Crescimento e pandemia

Carrara conta que começou sua trajetória no setor em 2015, como integrador, quando então percebeu que o grande gargalo da GD era financiamento, visto que a grande maioria da população, seja residencial, comercial ou rural queriam investir em energia solar – cerca de 90% segundo pesquisa atual do Ibope – ainda que pouca parcela da sociedade tenha esse dinheiro em poupança para aplicar.

Três anos depois a fundação da fintech estaria intimamente ligada a disseminação da GD pelo país, com regiões principais como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, além de uma dinâmica competitiva com vantagens maiores em outras regiões. Em sua avaliação, a atuação da Solfácil está consolidada no país, com um avanço considerável no Nordeste, região que carece de linhas de financiamento na área, e mais aquém apenas no Rio Grande do Sul, onde o Sicredi tem uma atuação muito forte.

“Esse ano tem sido muito especial, temos crescido numa média de 30% ao mês em volume, financiando algumas dezenas de milhões só com a linha de pessoa física, e inovando além no lado de crédito em investimentos, com a emissão de debêntures, prevendo mais R$ 150 milhões para o mercado de capitais até o fim do ano”, resume.

De acordo com o CEO, a expectativa é chegar perto da casa de R$ 1 bilhão em empréstimos até 2021 e contando com apoio de um novo sócio, a Valor Capital, fundo renomado e que investiu em empresas como Stone, Gympass, e que agora aposta na empresa para democratizar o acesso à energia solar no país.

Ademais, o executivo lembra que a crescente preocupação com sustentabilidade tem feito com que os investidores levem cada vez mais em consideração os critérios ESG – Environmental, Social and Governance (em português, Ambiental, Social e de Governança) – para a alocação de seus investimentos, com a tendência de que a fonte solar distribuída siga como forte linha de aporte a partir desses critérios.

Para ele, a GD será uma grande protagonista em ESG nos próximos dez anos, sendo uma fonte renovável que irá reduzir a conta das famílias e ainda gerar empregos por onde passar. “No futuro, toda casa terá painéis solares, baterias e carros elétricos. Nesse sentido, as projeções da EPE confirmam a capacidade da energia solar de endereçar o crescimento do setor e do país, puxada pelo financiamento como protagonista”, avalia.

Perguntado sobre a pandemia, Fábio lembrou que no final de março o impacto foi maior, com o volume de negócios saindo de 100% e caindo entre 20% a 30% em média e que progressivamente o mercado foi retornando a níveis normais, citando inclusive um problema atual de falta de equipamentos gerais no setor, com vários distribuidores com seus estoques zerados.

“A própria cadeia produtiva não imaginava esse retorno tão forte, mas a GD é um mercado anticíclico, que vai sempre bem mesmo em meio à crises, pois em épocas como essas as pessoas pensam mais em como economizar”, salienta, ponderando que os efeitos da crise foram sentidos pela companhia na parte de captação, graças ao fechamento do mercado.

“Foi complicado no início manter nosso fluxo de fundos, tivemos que abrir novas portas, mas do mesmo jeito que a GD voltou o funding voltou, em especial com esse movimento de ESG, em investir sob o ponto de vista social, de sustentabilidade e governança”, avalia, destacando a recente procura por diversas casas e fundos querendo alocar capital, com demanda muito grande e oferta pequena.