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O termo flexibilidade vem sendo utilizado de forma recorrente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico quando se trata da operação do Sistema Interligado Nacional. E isso não é de hoje que o órgão vem falando nessa necessidade em função de uma variabilidade cada vez maior da geração de energia. Um tema que sempre vem à tona com o avanço da Lei do Gás é a inserção de usinas que se utilizam desse combustível para operar na base, sendo a âncora para o desenvolvimento desse mercado.

Segundo a análise da consultoria PSR, a chave para a inserção dessas usinas no país é a sua competitividade econômica frente às demais opções de geração para o fornecimento dos mesmos serviços ao setor elétrico. Para a empresa, o uso do gás associado do pré-sal para a produção de energia elétrica é a opção que precisa ser avaliada com atenção, considerando a queda de preços das fontes renováveis e a perspectiva de precificação de carbono.

“Por ser associada à produção do óleo, essa geração não teria a flexibilidade operativa que será crescentemente demandada pelos sistemas de potência com a maior penetração de renováveis. No entanto, a preços de gás na faixa de US$ 4 a US$ 5/MMBTU entregues na térmica, a geração
térmica a gás inflexível pode ser competitiva economicamente com as demais opções de expansão
quando ambas competem valendo-se de seus próprios serviços, para os três considerados em nosso exercício: energia, potência e reserva operativa”, destaca a PSR em sua publicação mensal Energy Report na edição no 166 de outubro.

Em termos de preços de energia final, a linha de corte seria de R$ 222/MWh para que essas usinas ainda sejam competitivas do ponto de vista econômico ante as renováveis, quando estas são representadas sem subsídios e com a responsabilidade de cobrir seus próprios custos para atender a demanda do consumidor, com seu perfil e em base horária.

“Caso o preço de energia final da geração térmica inflexível (incluindo investimento, operação, financiamento, impostos, etc) seja inferior a 222 R$/MWh, vale a pena para o sistema, caso contrário, atender a demanda com renováveis é mais eficiente”, afirma a PSR.

A razão das térmicas serem lembradas sempre nessa discussão sobre o mercado de gás e de flexibilidade é a escala. A consultoria lembra que o consumo de uma única planta de 1.000 MW, é comparável ao atual consumo de gás natural para uso veicular no Brasil. E que, portanto, a inserção de térmicas cria uma “âncora” de consumo que facilita a remuneração dos investimentos em exploração e produção de gás.

E ao mesmo tempo, a crescente penetração das fontes renováveis como eólica e solar está levando para o mundo inteiro o mesmo desafio da variabilidade do acionamento das térmicas que o Brasil enfrentou no passado. Essas fontes, assim como as UHEs, possuem custo marginal de produção nulo e deslocam a geração térmica na ordem de mérito, o que dificulta o cumprimento das cláusulas de take or pay elevados dos contratos de gás.

A PSR reforça aquela avaliação do ONS de que a penetração de renováveis trouxe novos desafios à operação do sistema e preocupações com o fornecimento de produtos adicionais à energia. “A penetração de renováveis passou a valorizar recursos flexíveis. No entanto, a geração inflexível
também possui valor neste ambiente, pois libera outros recursos flexíveis para suprir as necessidades do sistema”, aponta.

No entanto, ressalta que é importante notar que ter geração inflexível em excesso pode provocar situações que comparou a ‘vertimentos’ de recursos, termo usado para designar a abertura de vertedouros de UHEs, que representam o desperdício de água acumulada e que não pode ser usada para gerar energia. Sejam esses vertimentos de energia primária eólica, solar ou hidrelétrica. No caso do Brasil, acrescenta, este tema pode ser particularmente importante devido às crescentes restrições de usos múltiplos da água.

Entre os resultados apresentados pela consultoria na publicação a conclusão que chegou é que ao preço máximo do gás natural de US$ 3,9 /MMBTU, cerca de 1.000 MW térmicos inflexíveis seriam competitivos economicamente até 2030 para o suprimento de apenas o atributo energia e para preços de gás mais baratos, a inserção térmica inflexível é maior.

Quando os serviços suprimento de potência e reserva operativa são também considerados, cerca de 5.000 MW dessa modalidade de geração já seriam viáveis economicamente no sistema a um preço de gás máximo, entregue na térmica de US$ 4,6/MMBTU. E preços de gás mais baratos, levariam a inserção a ser ainda mais atrativa, ampliando os volumes contratados. Contudo, alerta que esse cenário pode implicar no deslocamento de fontes renováveis na expansão e não considera custos de emissão de CO2 ao se estabelecer os critérios de eficiência e economicidade entre fontes.

Na avaliação da PSR, o benefício desta geração na base está em reduzir a geração hidrelétrica “de base” e aumentar a produção “flexível”, além de substituir parte da expansão de renováveis e térmicas flexíveis. “Mas, como os resultados mostram, há um preço e volumes máximos de gás natural e MW inflexíveis para esta inserção “valer a pena”. Acima desse preço do gás, de US$ 4 a US$ 5/MMBTU entregue na usina, o modelo de planejamento indica, por razões econômicas, um maior uso de fontes renováveis variáveis e uma participação, ainda que pequena, de usinas térmicas flexíveis a GNL que tem o custo mais elevado”, acrescenta.

Outra análise que foi realizada sobre a Lei do Gás, lembra a PSR, foi reportada aqui na Agência CanalEnergia, pelo Instituto E+ Transição Energética. E que trata de outras duas bases para o consumo do combustível no país. Além das térmicas, o atendimento ao mercado industrial e o de transporte.

Outro ponto que a consultoria destaca é que não há problema em remover a inflexibilidade máxima da geração térmica de até 50% em termos anuais nos leiloes de energia do ACR, e assim se permita que a geração térmica inflexível participe dos leilões, desde que competindo diretamente e de forma econômica com outras tecnologias. “Os exercícios ilustrados neste relatório mostram que a inserção de térmicas inflexíveis no Brasil é perfeitamente possível pelo critério técnico e econômico da “razão”, e, portanto, discutido sem ‘emoção’”, finaliza.