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A Europa está perdendo a corrida global pelo uso de tecnologias de armazenamento de energia, a menos que os leilões governamentais comecem a incentivar a flexibilidade na produção de energia, disse a consultoria internacional Wood Mackenzie em nota à imprensa nesta semana. O mercado de energy storage é liderado por Estados Unidos e China.
“A perspectiva de armazenamento de energia da Europa está começando a enfraquecer em comparação outras nações. Como as implantações estão aumentando nos principais mercados, particularmente nos EUA e na China, é quase impossível imaginar desenvolvimento semelhante na Europa”, alerta a consultoria.
Entretanto, apesar disso, a Europa continuará aumentando a participação de fontes variáveis (solar e eólica) como em nenhuma outra região do planeta. Ao mesmo tempo em que fornece energia barata e reduzem as emissões de gases na atmosfera, a variabilidade natural das fontes renováveis impõem um desafio de flexibilidade para os sistemas elétricos.
Particularmente durante os meses em bloqueio da economia global por causa do Covid-19, ficou claro o impacto das fontes variáveis nos sistemas elétricos, resultando em preços baixos de energia e até negativos. Isso aponta para falta de flexibilidade do sistema.
“O armazenamento de energia estará na vanguarda para enfrentar esse desafio, pois a tecnologia pode fornecer a flexibilidade necessária com zero emissões de carbono, mantendo os preços de energia mais estáveis e acessíveis para o consumidor final”, afirma Rory McCarthy, analista principal da Wood Mackenzie.
No entanto, é importante lembrar que o processo de produção de baterias para armazenamento de energia é caro e temos que considerar o descarte desses componentes após o período de uso.
Por que o armazenamento de energia não acompanha a expansão das renováveis na Europa?
Para a Wood Mackenzie, os formuladores de políticas estão subestimando o desafio de flexibilidade à frente. De acordo com dados da consultoria, a Europa concentrava 44% do mercado global de baterias em 2014, considerando as regiões da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês). Isso caiu para 30% em 2019 e deve cair ainda mais para 20% até 2025 e 13% até 2030.
O modelo hibrido (geração renovável e baterias), diz a consultoria, é fundamental para o sucesso da tecnologia de armazenamento de energia, tendência que tem se verificado nos últimos três anos. “O mercado global de armazenamento híbrido está decolando, pois a hibridização oferece benefícios, incluindo dar a um gerador a capacidade de despachar sob demanda. No entanto, apesar disso, houve apenas um pequeno número de implantações na Europa”, diz a consultoria.
“Se olharmos para os EUA, que é o maior mercado de crescimento de armazenamento, o papiline nessa região tem potencial para compor 49% da capacidade global acumulada de GWh até 2030”, destaca.
E por que esse mercado de armazenamento nos EUA tem um pipeline tão saudável? Hoje é impulsionado por programas de aquisição de serviços públicos e um generoso crédito tributário. Talvez menos óbvio seja sua estrutura regulatória. Utilities verticalmente integradas – aquelas que podem ser varejistas, operadores de rede e gerador sob a mesma organização – atendem a uma grande faixa de consumidores dos EUA.
Essas concessionárias podem avaliar todo o seu portfólio de sistemas, requisitos operacionais e de entrega e realizar uma licitação com base nisso. Em última análise, eles podem contratar a combinação de tecnologias de menor custo para entregar toda uma solução de sistema, dando assim o melhor retorno do investidor e, ao mesmo tempo, garantir que a energia de alta qualidade seja entregue.
“Como resultado, estamos vendo as renováveis e o armazenamento de energia perdendo a competição com outros provedores de serviços de flexibilidade alternativa, como a utilização de gás para atender aos picos de demanda, em um número crescente de aquisições. Esse cenário aparece como barreira para o desenvolvimento de armazenamento de energia”, acrescentou McCarthy.
Na Europa, o quadro é diferente. O pipeline de projeto de armazenamento puro ou híbrido é pequeno em comparação com o resto do mundo, de acordo com Wood Mackenzie. Em contraste com a estrutura regulatória dos EUA, a liberalização do mercado trouxe a dissociação dentro do setor elétrico.
O armazenamento na Europa é definido pelos players do mercado mais amplo. Nos Estados Unidos, no entanto, a decisão parte de cima para baixo, sempre avaliando a melhor solução para o sistema como um todo. Esse modelo apresenta maiores riscos e barreiras de financiamento
Embora a Wood Mackenzie aponte para a falta de desenvolvimento de armazenamento, há um reconhecimento lentamente crescente da necessidade de flexibilidade e armazenamento na Europa.