O leilão de transmissão marcado para o dia 17 de dezembro será uma data simbólica para a Eletrobras. Marcará o retorno a estatal aos leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica após seis anos em que foi impedida de entrar nas disputas. A empresa está de olho em ativos que serão colocados no certame, inclusive o CEO da empresa, Wilson Ferreira Junior, até apontou um em específico, um ativo que será relicitado e que já foi conduzido no passado pela Amazonas-GT.
“Pensamos sim em entrar nesse leilão, há ativos como uma linha no Norte feita em princípio, em parte pela Amazonas GT”, afirmou ele. “Pretendemos preferencialmente entrar sozinhos, mas podemos, naturalmente, se houver processo de junção de competências e sinergias, nos associarmos, mas a preferência é por ativos corporativos, ou seja por meio de uma das nossas controladas”, acrescentou o executivo.
Entre as premissas que ele aponta que direcionarão a participação da empresa estão a preferência por sinergias com outros ativos em diferentes regiões do país, e que deverão contar com a participação das controladas para cada região. Ressaltou ainda a necessidade de respeito às condições financeiras de cada controlada por meio da disciplina financeira tendo como meta agregar valor à companhia e dentro de uma perspectiva de retorno sobre o investimento acima do custo de capital.
Para executivo todo o cenário de negócios e de discussões políticas que rondam o apagão que atinge o Amapá pouco mais de uma semana não deverá influenciar no certame do próximo mês. Ele avalia que o Brasil possui um modelo regulatório estável e classificou a situação como extraordinária.
Em sua análise, não é possível generalizar o que aconteceu naquele estado como um evento que pode ser recorrente no país. Tanto é que a maior participação nos últimos leilões da modalidade são de empresas privadas, o que reforça a segurança do modelo e a percepção dos agentes acerca desse mercado.
“Temos uma sequência de eventos fortuitos, uma infeliz conjunção de fatores com chuvas fortes em um ativo isolado e com dois transformadores incendiados. Então é necessário esperar o que de fato aconteceu”, disse ele a jornalistas em coletiva sobre os resultados da empresa no terceiro trimestre. “Ainda não temos como saber ou atribuir culpa a esse ou outro agente. É precipitado qualquer forma de julgamento”, acrescentou.
Esse evento, continuou, pode ser aproveitado como uma forma de aperfeiçoar mecanismos de fiscalização, um tema importante para a regulação do setor elétrico. Disse ainda que não acredita que isso possa afetar a competitividade, mesmo diante de informações que dão conta que o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) estaria pressionando a Aneel para que a concessão da transmissora responsável pelo ativo fosse cassada.
Outro efeito adverso que o apagão poderia trazer, o de atrapalhar o processo de privatização da Eletrobras, não é considerado pelo CEO. Por mais de uma vez ele comentou que é necessária a capitalização da empresa em função da situação fiscal do Brasil que tem como saída a venda de ativos. Até porque as duas outras maneiras de colocar as contas em ordem seria a de atribuir mais eficiência ao Estado ou aumentar impostos, duas situações que ele descartou no momento, disse ele, ressaltando que se baseia nas metas externadas pelos ministérios de Minas e Energia e da Economia.
E todo esse trabalho que a Eletronorte tem feito no apoio ao governo está sendo contabilizado para que os valores sejam reembolsados por meio de Encargos de Serviço do Sistema. Ainda não há o montante a ser cobrado, mas o CEO da estatal disse que não é um volume elevado.
A empresa mobilizou 70 empregados entre engenheiros e especialistas para o trabalho. Disponibilizou um transformador de 230/69 kV 60 MVA da SE Boa Vista (RR) e outros dois equipamentos semelhantes de 33 MVA na SE Vila do Conde (PA). Além disso, o único ativo da empresa naquele estado é a UHE Coaracy Nunes, que está sendo usado para suprir cargas prioritárias, contribuído com 50 MW.
Seguindo o rito, a estatal deverá apurar os valores ao final desse processo que deverá ser avaliado e aprovado pela Aneel.