As incertezas associadas à Covid-19 poderão reduzir em cerca de R$ 50 bilhões os investimentos no setor de transmissão de energia elétrica na próxima década.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicou na última terça-feira, 17 de novembro, o Caderno de Transmissão do PDE 2030 (Plano Decenal de Expansão de Energia), documento com cenários que trazem as necessidade de expansão do sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica, fundamentados em possíveis comportamentos futuros da economia do país e nas demandas próprias do Sistema Elétrico Nacional (SIN).
Considerando as “incertezas associadas ao contexto da Covid-19”, a EPE estabeleceu três cenários. Chama a atenção a diferença de cerca de R$ 50 bilhões de investimentos (para mais ou para menos) a depender de qual cenário se concretizará.
Segundo a EPE, os estudos de planejamento concluídos em agosto de 2020 recomendaram, originalmente, um investimento total de R$ 108,7 bilhões até 2030 (otimista), aqui incluídos os empreendimentos sem outorgas.
O cenário pessimista, no entanto, desconsidera os empreendimentos sem outorga (R$ 49,5 bilhões), resultando em uma perspectiva onde os investimentos no próximo horizonte decenal somará R$ 59,2 bilhões.
Entre esses dois cenários temos o que a EPE chama de cenário de referência (o mais possível de acontecer). Significa dizer que, até 2030, o segmento de transmissão (muito provavelmente) demandará R$ 89,62 bilhões em investimentos para executar as obras necessárias para garantir os fluxos de energia por meio da rede básica (SIN).
Pressão ambiental
Para a EPE, um dos principais desafios a serem enfrentados pelo planejamento da transmissão nos próximos anos diz respeito à crescente complexidade socioambiental e fundiária para a implantação de novos projetos de transmissão, sobretudo em regiões metropolitanas e cidades de porte médio.”
Em áreas urbanas e ‘periurbanas’, a disponibilidade de espaço para inserção de novos empreendimentos é, muitas vezes, limitada e de alto custo fundiário, tornando a expansão do sistema desafiadora. Nessas regiões, há uma tendência de que a expansão dos sistemas de transmissão seja efetuada a partir da utilização de sistemas de cabos subterrâneos.
O custo de uma linha de transmissão subterrânea é cerca de 10 a 15 vezes o custo de uma linha de transmissão aérea convencional.
Na região nordeste, continua a EPE, a deficiência de dados georreferenciados em relação à localização de comunidades quilombolas dificulta a análise aprofundada do tema na fase de planejamento. Em regiões isoladas ou de difícil acesso, a implantação de novos empreendimentos deve buscar a conciliação com a conservação da biodiversidade, destacou o órgão. Na região norte, a implantação de LTs próximas à terras indígenas exigirá esforços adicionais de gestão.
Para minimizar os impactos socioambientais, a EPE tem recomentado – com a devida estimativa de custos, estratégias específicas para essas situações – o alteamento de torres de transmissão.