O setor de Papel & Celulose foi o único dentre os 11 principais setores da economia acompanhados pelo Índice Comerc que oscilou dentro da margem histórica. Em outubro, o setor registrou alta de 11,04% no consumo de energia em relação a setembro, maior alta desde fevereiro de 2019; na comparação com o mesmo período do ano anterior, o consumo foi 9,38% maior.
O desempenho do setor reflete uma tendência que vem se estruturando ao longo dos últimos anos – e que foi acelerada pelo cenário da pandemia, com a implementação do home office e das aulas online intensificando a queda na demanda por papéis para imprimir e escrever. Por outro lado, o aumento na procura por papéis para fins sanitários e de higiene pessoal elevou a demanda por celulose em todo o mundo já nos primeiros meses de pandemia e segue em aceleração. De acordo com dados da Indústria Brasileira de Árvores, a produção nacional de celulose, que havia recuado 6,6% em 2019, fechou o segundo trimestre de 2020 com alta de 5%, somando 5,19 milhões de toneladas de abril a junho – ritmo que deve se manter até o fim deste ano.
De acordo com Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc, desde o início da pandemia, é observado o movimento de diversos setores para driblar a crise. Segundo ele, no caso de Papel & Celulose, a queda na demanda por um tipo de papel foi equilibrada pelo aumento da demanda por outro. Essa tendência deve permanecer mesmo após a pandemia, devido, especialmente, a mudanças de hábito de higiene. Para Ávila, é uma oportunidade importante para o setor se reinventar e acompanhar as mudanças na sociedade.
Outro setor que pode se beneficiar das novas tendências de consumo é o de Embalagens. A implementação de medidas de isolamento para conter o coronavírus fez com que o comércio online e a alimentação por delivery aumentassem exponencialmente, resultando em maior demanda por embalagens – e o setor, que se manteve aquecido durante todo o ano, encerrou outubro com alta de 3,28% no consumo de energia em relação à setembro. Para Ávila, mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento, o consumo online e por delivery deve permanecer em alta, pois caiu no gosto do brasileiro.
Em outubro, além de Papel & Celulose, outros seis setores monitorados pelo Índice Comerc apresentaram alta no consumo de energia em comparação a setembro, com Siderurgia & Metalurgia na liderança, com 21,24% – desempenho que está em linha com a recuperação gradual da produção industrial identificada pela última Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.
Na comparação com o mesmo período de 2019, a maior alta foi registrada pelo setor de Manufaturados, com 12,16%; seguido por Papel & Celulose, com 9,38% e Química, com 5,62%. Ainda de acordo com Ávila, a comparação com 2019, em que foram excluídos os efeitos da pandemia, reforça o fato de que alguns setores encontraram oportunidades de crescimento mesmo em meio à crise. Para ele, os aprendizados deste ano poderão trazer mudanças significativas para os negócios e para a economia em 2021”, conclui Ávila.