No outubro mais seco dos últimos 90 anos, a geração de bioeletricidade ajudou a amenizar em parte o impacto da crise hídrica nos reservatórios hidroelétricos, chegando a mais de 3 mil GWh junto ao Sistema Interligado Nacional (SIN), ainda que tenha verificado queda de 6,8% na produção em relação a outubro de 2019, mas atingindo mais que o dobro da geração a carvão e 60% da geração total pelas térmicas a gás no mês, informa o boletim editado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

No acumulado do ano, a oferta da fonte para o sistema nacional foi de 23.764 GWh, representando aumento de 2% em relação ao mesmo período no ano passado, volume equivalente ao atendimento de 14,2% do consumo industrial brasileiro durante todo o ano passado, ou de 12,3 milhões de unidades residenciais.

Segundo o levantamento, cuja base de dados deriva da CCEE e Aneel, o baixo volume de chuvas tem obrigado também o SIN a aumentar a produção das termoelétricas fósseis, mais caras, como forma de economizar os recursos hídricos dos submercados, principalmente no Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

Atualmente a capacidade instalada outorgada e em operação de usinas a biomassa no país é de 175.150 MW, com a fonte representando 9% da matriz elétrica com 15.409 MW instalados, ocupando a 4ª posição na matriz, atrás da hídrica, eólica e gás natural. Em 2020 foram 247 MW em novas instalações, com expectativa de mais 834 MW para 2021.

Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, destaca que os meses de abril a outubro representam sozinhos 90% do total da geração a biomassa para a rede entre janeiro a outubro, o que ressalta a relevância da safra canavieira no Centro-Sul, tradicionalmente iniciada em abril de cada ano.

Com relação específica à geração pelo setor sucroenergético, a bioeletricidade ofertada no sistema até setembro foi 17.014 GWh, aumento de 3% em relação ao mesmo mês em 2019, representando 82% da produção da fonte em geral no mês. Do montante gerado pelo segmento para a rede, 82% foram ofertados entre maio e setembro, período considerado como seco no setor elétrico.

“Trata-se de uma geração equivalente a ter poupado 12% da água disponível associada à energia máxima que poder ser gerada nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, pela maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade no período seco”, avalia Souza, lembrando que no dia 23 de novembro a energia armazenada nas UHEs daquele submercado constava em apenas 19,63%.