O Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia acumulou até outubro deste ano R$ 23 bilhões em negociações, com 47 mil contratos e 149 TWh negociados . Desde fevereiro de 2012, quando ela começou as atividades, mais de R$ 105 bilhões já foram negociados. De acordo com Carlos Ratto, CEO do BBCE, essa performance de 2020 deve deixar a plataforma com um resultado similar ao de 2019, podendo até superar o de 2018, ano que mais gerou contratos. O executivo participou na última quinta-feira, 26 de novembro, de painel no Encontro Anual do Mercado Livre
Ratto falou ainda sobre as operações com derivativos, que a plataforma foi autorizada a operar desde junho, quando foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários. O foco de atuação de supervisão da plataforma estará nesse mercado, que ela quer desenvolver no país. Os derivativos são contratos financeiros que derivam de um ativo. Estão aptos a negociar derivativos na BBCE empresas, agentes do mercado livre, bancos e fundo de investimento.
Durante o painel, foi aventada a perspectiva do país ter uma clearing house, que é um desejo antigo da comercialização. Etapas de maturidade do mercado ainda são necessárias. Para Ronaldo Torres, Head Trader de Energia do Banco ABC Brasil, adotar uma fórmula pronta de um outro mercado de futuros não seria a melhor escolha. Segundo ele, a fase de derivativos é a fase de investimento em conhecimento e teste do mercado. “Estamos na fase de atração e aí sim vamos entender o formato”, explica Torres, que vê o setor no caminho certo, mas ainda não aposta em um prazo para uma clearing no Brasil.
Para Cristopher Vlavianos, CEO da Comerc, em uma commodity como energia, com contratos de longo prazo e volatilidade grande, depositar na clearing todo o risco da contraparte deixaria tudo muito caro, em vista do que o mercado paga hoje. “A commodity energia é muito volátil, a cada mês de negociação ela é um produto diferente e não carrega de um mês para o outro”, avisa. Vlavianos também não vê uma clearing no momento e pede uma equalização e melhora da liquidez do mercado, fazendo com que as diferenças de contraparte tenham uma garantia adicional.
Fábio Zenaro, Diretor de Produtos Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, foi mais um que participou do painel que ainda não vê condições ideais para a uma clearing. Ele também colocou a volatilidade como entrave, além da liquidez. Zenaro vê esforços para haver uma curva de referência de mercado, mas classifica essa etapa como importante para o processo e que ela seá alcançada. “Existe alguns elementos que ao longo do tempo vamos conseguir. Vai depender do grau de aprendizado do mercado”, salienta.