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Com o foco na missão crítica ao monitoramento do sistema elétrico e equipes de campo, além da automação da rede e de processos, a Neoenergia avança com um projeto de telecomunicações privadas junto a área de smart grids, atendendo a 1 milhão de clientes com a tecnologia de self-healing nas cidades paulistas de Atibaia, Bom Jesus dos Perdões e Nazaré Paulista usando uma rede de 4G, inaugurada em junho com componentes fornecidos pela Nokia, além de fibra ótica e árvore digital, o que influi na evolução do índice DEC das distribuidoras.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o superintendente de Smart Grids da companhia, Heron Fontana, disse que a iniciativa é promissora e a ideia é expandir o chamado Energia para o Futuro para as outras áreas de concessão da empresa e aos 13,9 milhões de clientes na medida em que o setor avançar com a digitalização e as regras de investimento prudente por parte da Aneel.

“Estamos criando uma plataforma tecnológica que vai permitir uma descarbonização do consumo e a entrada dos serviços distribuídos em ordem de escala, antecipando o ambiente onde poderemos construir tudo isso, com novas possibilidades como leitura automática, balanço energético e mais poder ao consumidor”, define Fontana, lembrando que advento da GD e veículos elétricos não poderá surgir sem o controle dessa rede a partir da automação e controle do fluxo de informações.

Com um aporte de R$ 15 milhões feito no ano passado, o projeto envolve agrupamento e transporte de dados, 75 mil medidores inteligentes até então já instalados, sensoriamento de rede, interação com consumidor e GD, com a companhia definindo uma rede de própria de 4G LTE (no inglês, Long Term Evolution) voltada a garantir o funcionamento da operação por meio de uma central de gerenciamento de redes próprias, uma tecnologia preparada para ser 5G futuramente.

São seis radiobases funcionando em Atibaia e que se comunicam há quase um ano e meio com mais de 900 pontos entre 140 religadores, sensores e concentradores de dados de medição em malha self-healing, arquitetura onde a rede de telecomunicação funciona como um backhaul, infraestrutura para agrupar informações e enviá-las para os escritórios da distribuidora, em Atibaia ou Campinas. Vale destacar que a Neoenergia tem autorização da Anatel para utilizar a frequência de 3,5 Gigahertz (GHz).

“Como os equipamentos tomam decisões muito rápidas em campo e a informação deve chegar com agilidade nos Centros de Operação, precisamos ter uma tecnologia de comunicação segura, com confiabilidade alta e latência baixa”, explica Fontana sobre a opção pelo 4G.

Distribuidora Elektro já instalou 65 mil medidores inteligentes em sua concessão (foto:Neoenergia)

Na prática, as informações registradas pelos equipamentos, como os religadores e os medidores inteligentes, são transmitidas por outras duas redes – Wi-Sun e Prime PLC – para concentradores, que possuem o SIM Card da rede, como o chip usado em aparelhos celulares. Esses equipamentos, em seguida, se comunicam com o datacenter da companhia pela rede LTE.

A subsidiária brasileiro do Grupo Iberdrola também tem avançado com o projeto de Pesquisa & Desenvolvimento que integra o programa de smart grids e que visa desenvolver uma tecnologia de padronização da comunicação aqui no Brasil, um concentrador para conectar medidores e sensores inteligentes. “Vamos nacionalizar uma tecnologia aberta e interoperado, sendo concebido através de um concentrador que vai conservar em diversas línguas”, afirma o executivo.

O chamado multilink servirá como um elo entre equipamentos em campo e os centros de operação e datacenters, agregando e trasportando dados e permitindo a leitura remota do consumo de energia dos clientes até a análise em tempo real da rede elétrica para a melhoria do fornecimento. A iniciativa iniciou em 2018 e está agora em fase piloto em Salvador (BA), em parceria com o Instituto Lactec para pesquisa e com a Tecsycs para execução do produto, até ganhar escala para expansão.

CPFL prestes a finalizar projeto no Rio Grande do Sul

Outra elétrica que tem desenvolvido redes privadas de telecomunicações para sustentar a inovação no setor elétrico é a CPFL Energia, que iniciou em 2015 uma LTE em frequência de 450 MHz no Rio Grande do Sul em parceria com a Oi, uma solução de sucesso para aquela época, com cobertura e funcionalidade, mas ainda com entraves devido ao interesse comercial das operadoras de telefonia.

De acordo com o gerente de Smart Grids da CPFL, Jeferson Scudeler, a companhia tem prospectado soluções na frequência de 230 Mhz para automação em redes próprias de comunicação visando a telemedição, que possui condições e alguns equipamentos entrando no mercado brasileiro, a maioria vindo da Ásia.

“Desenvolvemos um teste dentro da nossa própria rede para transformá-las em uma rede de serviços para atender aos nossos anseios, ainda que tenha algumas limitações e um custo total de manutenção muito alto”, pondera, salientando que a iniciativa não envolve receita, mas apenas suportar os processos de melhoria continua e eficiência operacional.

Jeferson Scudeler: Infraestrutura de redes privadas pode subir patamar da empresa e suportar inovação no setor

Segundo Scudeler, o projeto foi impactado em parte pela pandemia e seu atual estágio é de discussão com o fornecedor sobre qual o momento ideal para realizar as entregas para poder empreender as avaliações, acreditando que até o final do ano tenha resultados concretos, até para propor no plano de investimentos da empresa.

“O sistema físico está implantado, mas tem toda a questão de ativação, num processo que deve ser muito bem estudado. Estamos ainda em setup remoto, o que adiciona certa dificuldade. Mas a expectativa é testá-lo nos próximos meses e avaliar os resultados”, analisa o executivo, afirmando ser preciso discutir o quanto essas soluções estão maduras para serem implementadas no Brasil, por não ser uma frequência comercial.

O projeto de utilites da CPFL tem três sites, provocando uma sobreposição de cobertura e provendo tanto mobilidade para as equipes de campo quanto para a confiabilidade caso uma localidade deixe de operar e o outro cubra a necessidade de determinada região. A ideia é focar na missão crítica de monitoramento da rede e das equipes em campo, e também para suportar no futuro a qualidade nos serviços como o ioT e a indústria 4.0.

“Não existe um remédio único para tudo, essa é uma das linhas de investimentos que temos para adotar e subir o patamar da empresa. Ou faço uma infraestrutura própria ou vou depender da operadora de mercado, com uma série de considerações do mercado”, avalia, informando que a CPFL possui atualmente 94 mil km² de redes privadas no estado de São Paulo e mais 190 mil km² no Rio Grande do Sul, este último contando com investimentos de R$ 3 milhões.