A compra da CEB Distribuidora por R$ 2,5 bilhões representa uma transação com baixo risco regulatório, financeiro e de operação, disse nessa segunda-feira, 7 de dezembro, o presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, durante a teleconferência sobre a aquisição no leilão de sexta-feira passada. “Estamos convencidos que fizemos um avanço no plano de crescimento e que a CEB-D é a melhor alternativa de consolidação que foi vendida em leilão”, comentou.

Já o diretor executivo de Finanças e de Relações com Investidores, Leonardo Gadelha, classificou a transação como uma das últimas oportunidades de consolidação no segmento de distribuição brasileiro, salientando que a mesma é suportada exclusivamente pelo balanço financeiro da companhia, afastando a necessidade de aumento de capital por conta da operação, que só será liquidada em março do ano que vem, o que não afeta os covenants atuais de 4x e a alavancagem de 3,6x prevista para 2021, com um incremento de 20 pontos-base com a incorporação do ativo.

“Temos uma qualidade de dívida muito boa, com uma concentração baixa nos próximos dois anos, estando bem distribuída, o que não nos faz ficar preocupados com a alavancagem”, aponta, destacando que os trabalhos recairão na gestão de uma empresa urbana com operacionalidade menos complexa do que as distribuidoras da companhia e um nível baixíssimo de contingências e fundos de pensão, considerando um risco muito menor que outras transações recentes no setor.

O executivo também revelou que distribuidora brasiliense vai passar a contar com diversas fontes de financiamento a custos competitivos, com as propostas de diversos bancos sendo analisadas para a contração em breve de um empréstimo ponte para liquidar a operação, parte em caixa e parte com esse empréstimo para ter tempo de usar as outras distribuidoras para captação de recursos.

Criação de valor – Segundo a apresentação, a primeira alavanca para valorização da CEB-D é o combate eficiente as perdas, visando atingir o limite regulatório até 2023 através da regularização da maior parte dos clientes clandestinos, já mapeados no processo de due diligence. Depois vem a fiscalização de 100% dos grandes clientes, com precificações do volume de inspeção no varejo em três anos.

O segundo ponto é o combate a inadimplência ao nível regulatório em quatro anos, com ações de campo, basicamente por cortes, e aumentando em cinco vezes as ações atuais as ações administrativas de cobrança em larga escala e com ações de comunicação especializada para cada tipo de cliente, que tem se mostrado eficiente, como a revisão de negociação com clientes em atraso por meio de mutirões.

Na parte de qualidade, a meta é colocar a companhia no mesmo patamar das outras concessões do grupo em até três anos, prevendo os índices de DEC e FEC dentro do limite regulatório em dois anos, pelo aumento relevante de DRE, considerando a idade dos ativos e o alto nível de depreciação dos mesmos, com espaço para investir e para renegociação de contratos e dívidas, contendo com poder de barganha do grupo e sua eficiência operacional.

“Os indicadores estão num patamar muito inferior, então nosso esforço de turnaround será muito menor, assim como nas perdas e inadimplências, num patamar também bem abaixo da média, o que nos dá tranquilidade para executar esse plano”, define Gadelha, afirmando poder rentabilizar na tarifa devido ao baixo CAPEX médio nos últimos anos, de 2,7% da receita contra 8,5% da médias das privatizações.

Ademais, o diretor referiu que a empresa não considerou no caso base a opcionalidade de serviços que poderão ser oferecidos, vislumbrando a atuação numa cidade com maior PIB per capita do país, e explicou ainda que a escolha da companhia de utilizar a Bahia Geração de Energia como veículo para a aquisição foi baseada em possíveis benefícios fiscais. “Esperamos capturar oportunidades, benefícios fiscais aproveitando o ágio criado na transação e uma alíquota de IR reduzida no início do ano que vem”, finaliza.