O governo assumiu um compromisso com políticos de Minas Gerais de adotar ações para elevar o nível do reservatório de Furnas até a cota de 762 metros. A promessa foi reforçada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após reunião nesta segunda-feira (14) com o governador Romeu Zema, parlamentares das bancadas federal e estadual, prefeitos dos municípios do entorno do lago da hidrelétrica, além de representantes da Agência Nacional de Águas e do Operador Nacional do Sistema.
Albuquerque disse que a solução vai partir de todos e prometeu melhorar a coordenação com os demais órgãos envolvidos, o Congresso Nacional e o governo do estado, para apresentar a cada período de 60 dias a 90 dias ações estruturantes para recuperar o reservatório.
Segundo o ministro, a expectativa é de que os resultados apareçam o mais rapidamente possível. “Medidas já foram adotadas desde outubro, como, por exemplo, o despacho de todas as usinas termelétricas disponíveis no país. O emprego das usinas termelétricas significa que nós temos o objetivo de preservar os nossos reservatórios, e, no caso particular de Furnas, recuperar o reservatório para a cota 762.”
O governador lembrou que a cota não é a ideal mas a proposta é alcançar um nível que não traga tantos prejuízos a quem depende das águas do lago da usina. “A represa tem a sua função econômica rio abaixo, em outras usinas, na hidrovia rio abaixo, mas temos de ter alguma compensação aqui. A usina de Furnas não pode sozinha ser o grande colchão responsável por receber todas as oscilações que acabam ocorrendo rio abaixo. Que esse esforço, essas oscilações sejam compartilhadas.”
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico já tinha autorizado o ONS a adotar regras operativas diferenciadas para atenuar a redução do nível dos reservatórios de Furnas e Mascarenhas de Moraes (antiga UHE Peixoto). Os procedimentos operativos apresentados pelo operador para o período chuvoso de dezembro de 2020 a abril de 2021 previam a adoção de vazão defluente máxima média mensal para Furnas de 500 m³/s, “associado a um critério de relaxamento a fim de minimizar vertimentos.”
A operação a fio d’água da usina ou a adoção da vazão mínima deveria ocorrer quando o reservatório alcançasse a cota de 756 metros, correspondente a 23% do volume útil. Com a agravamento da crise hídrica, o CMSE chegou a falar em necessidade de operação das UHE abaixo dessa cota, para reforçar o abastecimento de energia elétrica à população.
O reservatório do empreendimento tem múltiplos usuários em uma região de forte exploração turística, com 34 municípios em seu entorno, além de outros 18 municípios dependentes. Furnas tem 1216 MW de potência instalada e Mascarenhas 476 MW.