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A chegada da pandemia de covid-19 reduziu a demanda drasticamente no país, principalmente nos meses de abril e maio. Ao mesmo tempo a afluência esteve em um patamar não muito afastado da média de longo prazo que contempla dados de nove décadas. Contudo, a situação reverteu no segundo semestre e passou a exercer pressão sobre o setor ao ponto de a Agência Nacional de Energia Elétrica passar da bandeira verde diretamente para a mais elevada a vermelha patamar 2. Na análise da consultoria PSR três motivos explicam a reversão tão drástica do setor.
Na mais recente edição de sua publicação mensal, o Energy Report edição de novembro, a consultoria afirma que dentre quatro fatores – evolução da demanda, evolução da ENA do SIN, distribuição espacial da ENA e o fator de fricção – os três primeiros explicam como o país chegou até esse momento.
“Dentre os quatro fatores identificados e analisados, pode-se concluir que as afluências muito abaixo da média, a sua distribuição espacial, e o aumento da demanda são os principais causadores desta mudança drástica no cenário energético do SIN em tão pouco tempo”, ressalta.
Em um levantamento a PSR lembra que no primeiro semestre, a pandemia foi responsável por uma redução da demanda de 8 GW médios (11% da demanda) em comparação com as projeções do início do ano. O perfil de consumo horário, que se assemelhou ao padrão observados nos finais de semana, como o próprio Operador Nacional do Sistema Elétrico comentava à época. Além disso, acrescenta a consultoria, o primeiro semestre de 2020 também foi marcado pelo retorno de afluências próximas à média histórica.
Contudo, depois de um primeiro semestre cuja situação foi classificada como ‘muito confortável’ por conta dos reservatórios tendo alcançado níveis mais elevados dos últimos anos sete anos e afluências acima de 80% da MLT, o cenário energético mudou. O armazenamento máximo de 60% em maio e junho caiu 30 p.p. em apenas quatro meses.
Ao mesmo tempo, relata a PSR, houve um aumento da demanda e uma queda exponencial das vazões esperadas.
Em junho, o consumo voltou a crescer em um nível moderado que se manteve até agosto (crescimento médio de 2,5% ao mês). Porém, em setembro, a demanda aumentou consideravelmente devido às elevadas temperaturas e pela retomada mais acelerada da economia. Por isso, continua, neste mês e no seguinte, a demanda observada excedeu significativamente as previsões da 2ª Revisão Quadrimestral do PEN e dos próprios PMOs. Números que desaceleraram um pouco em novembro. Mesmo assim, entre agosto e novembro, a carga realizada foi cerca de 2,2 GW médios acima da projeção do PEN, ou cerca de 3,5% da demanda e a 3% do armazenamento máximo do SIN.
Em paralelo, o valor acumulado de agosto a novembro da energia natural afluente correspondeu a uma vazão cuja probabilidade de ocorrer era de apenas 7% para a realização de valores iguais ou menores ao apurado. Nesse período, relata a PSR, as afluências pioraram muito: 60% em setembro, 43% em outubro e 57% da MLT em novembro. Sendo o 5º, 1º e 2º piores meses do histórico, respectivamente. A ENA acumulada para o período agosto a novembro foi a 2º pior do histórico de 90 anos.
Em termos de energia, a PSR calcula que a diferença entre a expectativa de vazão e o valor realizado nestes quatro meses somam quase 11 GW médios. E ainda, aponta que somados ao desvio da projeção da carga neste período, o montante envolvido é de quase 13 GW médios ou 18% do armazenamento máximo do SIN.
“Se a projeção de vazões para dezembro feita no PMO do mesmo mês (54%, que seria o 2º pior do histórico) se realizar, o ano de 2020 irá fechar com uma média de 77% da MLT em todo o sistema interligado. Este nível será próximo de 2017, o pior ano do histórico desde 1931, quando a ENA atingiu apenas 72% da MLT”, alerta a consultoria. E mais, se as projeções para dezembro se confirmarem, o decênio 2011-2020 será o pior do histórico atingindo 89% da MLT, e ficando abaixo do decênio que inclui o período crítico do sistema (1951-1960), com 91% da MLT.
O terceiro fator atribuído ao desequilíbrio verificado veio da distribuição da água nos diferentes reservatórios do sistema. Na avaliação da consultoria, caso o Sul estivesse mais cheio, mesmo com o Nordeste mais vazio, os PLDs seriam menores. A projeção da consultoria é de que devemos terminar 2020 com os reservatórios com apenas 22% da capacidade máxima, o pior nível do histórico junto com dezembro de 2014.