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A votação do texto final do projeto da nova Lei do Gás não deve enfrentar dificuldades na Câmara dos Deputados. A avaliação é do relator da matéria, Laércio Oliveira (PP-SE). O parlamentar apresentou relatório favorável à rejeição de todas emendas incluídas pelo Senado no PL 4.476 (antigo PL 6.407).  Ele acredita ser possível aprovar  a matéria ainda em março e com uma margem confortável de votos, mantendo o texto original dos deputados, independentemente de quem for eleito presidente da Câmara.

O projeto entrou na pauta da última sessão virtual de 2020, realizada em dia 22 de dezembro, mas não chegou a ser apreciado. Oliveira disse à Agência CanalEnergia que pela votação expressiva que a proposta obteve na Câmara em setembro do ano passado (351 favoráveis a 101 contrários), a tendência é de que o texto passe com tranquilidade.

“O entendimento que o Senado construiu, rejeitando alguns pontos que o relator queria alterar, acho que trouxe muita luz ao texto e uma consciência de que o que nos temos na Câmara é o ideal. (…) Eu acho que restabelecer o texto que estava é uma tendência muito natural”, disse o deputado. Ele destacou que a proposta tem o apoio dos dois principais postulantes à presidência da Câmara até o momento, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), cotado para ser o candidato do atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Arthur Lira (PP-AL), que é apoiado pelo governo.

O texto que estabelece o novo marco do gás natural trata da regulação  nos segmentos de transporte, escoamento, tratamento, processamento, estocagem subterrânea, acondicionamento, liquefação, regaseificação e comercialização do produto. A principal alteração é a mudança do regime de exploração econômica de concessão para autorização nos segmentos de transporte e de estocagem de gás natural.

O substitutivo apoiado pelo governo prevê que a autorização para a construção ou ampliação de gasodutos será dada após chamada pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, garante livre acesso de terceiros às infraestruturas e  trata da desverticalização do setor,

PL do Gás deverá ser aprovado com margem confortável de votos, rejeitando mudanças do Senado.
Laércio Oliveira, deputado federal

Em seu relatório, Oliveira afirma que as emendas incluídas pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) “lamentavelmente, não são bem vindas, ociosas ou promovem alteração nociva” do texto da Câmara, “a ponto de colocar em risco o acordo alcançado a duras penas com a indústria do gás natural.”

Entre as alterações aprovadas estão a que permite o acesso do biometano (produzido a partir de resíduos orgânicos) à rede de gasodutos; a que determina que as unidades de processamento de gás natural sejam instaladas preferencialmente nos municípios produtores e a que reserva aos estados o serviço local de gás. Há também uma emenda que prevê a possibilidade de parceria público privada para a exploração da atividade de transporte de gás.

Para o relator, a emenda do biometano, que já está contemplado na proposta, e a das PPPs, são desnecessárias. No caso da primeira, há um agravante que é exclusão do livre acesso de terceiros aos gasodutos de escoamento da produção, às instalações de tratamento ou processamento de gás natural e aos terminais de Gás Natural Liquefeito. Já a parceria público privada requer licitação na modalidade de concorrência, quando a proposta prevê o regime simplificado de autorização.

O relatório da Câmara também menciona emenda rejeitada pelo Senado que vincula os gasodutos de transporte a usinas térmicas inflexíveis. Esses empreendimentos que seriam bancados pelo consumidor, por meio de encargos do setor elétrico. Um acordo já tinha sido fechado com o governo para manter o tema fora do projeto de lei, com o Ministério de Minas e Energia se comprometendo a  permitir a entrada desse tipo de empreendimento nos leilões de energia dos próximos anos.

Tramitação 

O PL do Gás foi aprovado pelo plenário da Câmara em 1º de setembro de 2020. O substitutivo ao PL 6407/2013 era o mesmo que tinha sido votado em 2019 na Comissão de Minas e Energia, após debate com o setor. Em 10 de dezembro, o plenário do Senado votou o texto (já como PL 4.476/2020) com alterações, o que fez com que ele voltasse para a análise final dos deputados.

(Nota da Redação: matéria alterada em 4 de janeiro de 2021 às 21 horas e 28 minutos para adequação de informação)