O ano de 2020, que registrou retrações intensas no consumo de energia ao longo de todo o primeiro semestre, se encerrou com uma perspectiva positiva para o indicador. Em dezembro, houve crescimento de 3,3% nos volumes consumidos no Sistema Interligado Nacional, quando comparados com o mesmo mês de 2019. Os dados, ainda preliminares, integram o boletim InfoMercado Quinzenal, publicado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
O resultado reflete a forte ampliação do mercado livre, que apresentou alta de 13,4% no período. Já o Ambiente de Contratação Regulada teve uma leve retração de 0,8%. Boa parte dessas variações, no entanto, decorrem da migração de consumidores entre os segmentos. Se expurgarmos esse efeito dos números, veremos um aumento de 8,1% no Ambiente de Contratação Livre e uma elevação de 1,4% no mercado regulado.
Detalhando a análise do consumo por ramo de atividade no ACL, é possível perceber que quase todos os setores têm se recuperado da retração causada pela pandemia de Covid-19. Mesmo se desconsiderarmos da conta as novas cargas migradas ao longo do último ano, apenas quatro segmentos, dos 15 verificados, apresentaram retração em seus resultados de dezembro: comércio, com queda de 2,7%; telecomunicações, com recuo de 2,8%; transporte, com retração de 6,6% e serviços, que caiu 8%.
Os demais aumentaram os volumes consumidos de energia na comparação com o mesmo mês de 2019, com destaque para têxteis, que subiu 27,1%; veículos, com aumento de 24,7%; e manufaturados diversos, com crescimento de 16,4%. Vale a pena ressaltar ainda os indicadores de algumas indústrias eletrointensivas, como é o caso de metalurgia e produtos de metal, com aumento de 14,1%; extração de minerais metálicos, com alta de 7,6% e químicos, que subiu 7,3%.
Em relação ao comportamento regional do consumo, houve crescimento ou estabilidade em 21 das 26 unidades federativas estudadas. Lembrando que não são contabilizados os dados de Roraima, que ainda não é conectado ao SIN. As maiores altas foram registradas no Espírito Santo, de 12%; Mato Grosso, com 8% e Minas Gerais, que subiu 7%. Na outra ponta estão Rio Grande do Sul, com queda de 9%; Piauí, com baixa de 4% e Bahia, com recuo de 3%. Vale reforçar que, como os levantamentos são preliminares, é possível que parte dos resultados se explique pelo volume de dados faltantes em alguns desses estados.
Segundo os dados prévios analisados pela CCEE, sempre em relação a dezembro de 2019, houve um aumento de 1,8% de geração de energia no último mês do ano passado. As usinas hidráulicas apresentaram redução de 3,8% e as fotovoltaicas de 2,1%. As demais fontes registraram aumento nas suas gerações, com destaque para as usinas térmicas, com avanço de 18,3%, e as eólicas, com 10,3%.
O menor crescimento da geração, quando comparado com o aumento do consumo, pode ser explicado por uma parcela representativa de energia importada no mês, que somou 1.347 MW médios, de acordo com as informações preliminares. Este volume, caso fosse integrado ao montante gerado, levaria a uma evolução do resultado estimada em 3,6%.